“Um sorriso e uma bola debaixo do braço”. É assim que o amigo André Namora recorda o treinador do FC Porto quando eram miúdos, gabando-lhe a capacidade para tirar um curso superior
Corpo do artigo
Agora treinador do FC Porto, apoiado por um lastro de experiência convivendo com Sérgio Conceição, reforçando poderes e ligação ao plantel de ano para ano, Vítor Bruno é um “filho do futebol”, apanhado pelo bichinho desde o berço, descendente de um catedrático da bola como Vítor Manuel, lenda da Briosa. A carreira de jogador, desafiada por formação na Académica, não o conduziu a um destino luminoso, mas não deixou de enfrentar a realidade, atuando vários anos em divisões menores onde absorveu a essência do balneário em clubes como Bidoeirense, Vigor Mocidade, Tourizense, Mirandense, Marialvas, Gândara e AD Valonguense. Quem esteve perto dos sonhos do jogador do Vítor Bruno foi André Namora, irmão de Ricardo Namora, este um colega de formação de Sérgio Conceição na Académica. Ambos jogaram no Gândara, conforme pode ver na imagem publicada acima.
André Namora, hoje procurador da República, ligado ao futebol como jogador de veteranos da Académica e de uma equipa de juristas de Coimbra, descreve-nos Vítor Bruno e o seu lado mais genuíno, que até esbate um pouco na visão de um técnico de emoções mais fechadas. “Era um miúdo muito alegre, muito divertido, bonacheirão. Depois ficou mais sério, como todos nós, a responsabilidade, os filhos, a vida, encarrega-se de nos fasear mais a gargalhada, mas o que retenho do Bruno essencialmente é isso, um sorriso e uma bola debaixo do braço”, documenta.
“É muito metódico e profissional. Apesar de viver muito o jogo e ser muito competitivo, nesse aspeto não difere muito do Sérgio Conceição, tem uma capacidade de racionalizar a agressividade e de se manter calmo em momentos de forte stress competitivo, como sucedeu muitas vezes em jogos que tivemos quando jogámos juntos”, regista. “A este nível a responsabilidade é muito maior, creio, por isso, que este lado mais racional tenha vindo a ser burilado ao longo dos anos para conseguir transparecer controlo absoluto sobre as situações, mesmo na adversidade”, analisa André Namora, já confiante numa convergência inestimável a partir da nova equipa técnica dos dragões, encabeçada por Vítor Bruno. “Neste novo FC Porto, a estrutura que foi montada e a equipa técnica por si escolhida e que será da sua inteira confiança, darão o respaldo necessário a essa aura de agressividade controlada”, evidencia, rasgando elogios a um amigo que nunca se desligou da faculdade e já respondia com licenciatura aos 22 anos. ”Quem cresceu na Académica sabia o quão difícil era chegar ao topo e nunca descurava a vertente académica. Felizmente, ele conciliou. O Vítor tirou o curso e foi jogando a um nível razoável, em equipas boas da região centro. Manteve, portanto, o contacto com o balneário, que é igual seja em que divisão for. E isso no fundo também foi uma boa etapa de preparação para chegar a este patamar”, frisa.
“Piloto será fundamental”
Conhecedor das escolhas de Vítor Bruno para a sua equipa técnica, André Namora apressa-se a destacar a opção por Nuno Piloto para número 2. “Foi o jogador que mais me impressionou nas camadas jovens. No meu primeiro ano de sénior fiz um treino de conjunto com os juniores da Académica, onde estavam o Vítor e o Piloto, e fiquei deslumbrado. Era um médio com uma qualidade muito acima da média, tanto mais que comentei isso logo com o míster Viterbo. Vaticinei que seria outro Paulo Sousa, porque ele era também de Viseu e tinha algumas semelhanças físicas”, observa. “Fez uma ótima carreira, apesar das lesões não o terem deixado chegar a um nível mais condizente com a qualidade que tinha. Para além disso é uma excelente pessoa, muito inteligente, e que manteve sempre um contacto com o futebol. Foi sempre muito próximo do Vítor. Acredito que será um elemento fundamental para o sucesso da equipa técnica”, conclui.