Antigos colegas de equipa elogiam a evolução do avançado do Sporting desde a sua passagem por Inglaterra, com Baptiste Roux, central do Aves SAD, a revelar como foi defrontar o goleador sueco em setembro, num jogo em que bisou
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A meio da sua segunda época no Sporting, Viktor Gyokeres não tem dado sinais de perder a pontaria em frente à baliza, levando já 31 golos e seis assistências em 29 jogos disputados esta época.
Um dia depois de o avançado sueco, de 27 anos, ter marcado o único golo da vitória dos leões sobre o FC Porto, em Leiria, nas meias-finais da Taça da Liga, antigos colegas de equipa em Inglaterra falaram à RMC Sport sobre a sua evolução desde que passou sem sucesso pelo Brighton e Swansea, antes de se mudar para o Coventry em 2020.
“Quem o conheceu nos seus primeiros dias em Inglaterra dirá a mesma coisa. Ele era um bom avançado, combativo, mas, sem desrespeitá-lo, tinha alguns defeitos. Não havia nada que sugerisse que fosse explodir”, recordou Maxime Biamou, antigo avançado do Coventry, que encaixou 24 milhões de euros com a venda de Gyokeres para o Sporting, em 2023.
“Lembro-me de ver um tipo que não parecia grande coisa entrar no balneário. Foi surpreendente vê-lo ali, porque o Brighton estava habituado a recrutar jogadores para a sua posição que eram rápidos e não se preocupavam com a bola. Ele já era fisicamente imponente, mas o que posso dizer? Tecnicamente e em termos de finalização, era medíocre. Por exemplo, não estava nem perto do nível de Glenn Murray, que era o nosso número 9 titular”, apontou Gaetan Bong, ex-defesa do Brighton.
“Ele estava sempre disposto a ir mais longe no final dos treinos, a trabalhar o mais que podia e a dar tudo por tudo em cada sessão. Um jovem com esse tipo de mentalidade, que aceita passar um ano e meio nos reservas sem causar escândalo, está a tornar-se cada vez mais raro. Ele não fazia barulho, ouviu todos os conselhos sem se tomar por outra pessoa. O seu único erro foi, sem dúvida, ter esperado tanto tempo para sair e progredir por empréstimo”, acrescentou.
Uma opinião partilhada por Wesley Jobello, antigo extremo do Coventry, que também não ficou impressionado enfrentou Gyokeres pela primeira vez nos treinos e mesmo em contexto de jogo.
“A minha impressão, após os primeiros treinos, é que ele não se destacava da multidão. Tinha grandes deficiências técnicas e táticas. Nos jogos, tinha a mania de se precipitar, sem se questionar. Tentava muito e não se importava com o desperdício. Com o pé direito, com o pé esquerdo, lançava bombas a sério, mas nem sempre acertava no alvo. É justo dizer que ele não era o melhor jogador da equipa. Em sua defesa, ele era deslocado para todas as posições de ataque, então não era fácil para ele, mas isso não o impediu de lutar muito todos os dias. Ele tinha esse desejo de aprender”, lembrou, com Biamou a completar: “Ele frustrava-se rapidamente e não percebia porque é que as coisas não lhe corriam bem, pelo que se refugiava no seu trabalho. Sei que um dos assistentes estava sempre a dizer-lhe para descansar. Mesmo na véspera de um jogo, ele pedia mais”.
Baptiste Roux, central francês que alinha no Aves SAD, teve oportunidade de defrontar Gyokeres em setembro, na sexta jornada da I Liga acabando derrotado por 3-0 num jogo em que o sueco bisou. Sobre esse jogo, o central só teve elogios para deixar ao goleador destacado do campeonato, com 21 golos e três assistências em 17 jogos.
“Talvez tenhamos sido avisados, mas continua a ser difícil travá-lo. A verdade é que ele podia ter marcado muito mais golos. Há outros jogadores muito bons naquela equipa, como Trincão, mas ele destaca-se. Vê-se nos olhos que ele quer matar-nos! Tem fome, quer dar-te um tiro. Geralmente, um 9 baseia-se nalguns pontos fortes. Veja-se o Samu, que está a jogar muito bem no FC Porto, é antes de mais um jogador de área, e é aí que se destaca”, começou por comparar.
“Já o vi recuar para participar no jogo, correr pelo flanco, fazer um remate em profundidade, marcar golos com o pé direito e esquerdo... As pessoas falam muito do físico dele, mas há muitos tipos grandes por aí. Ele sabe utilizar o seu corpo na perfeição e está sempre a 300%. Ele leva-nos ao limite, assim que há uma abertura, vai atrás dela. Lembro-me de uma jogada no início do jogo em que ele começou a correr com a bola. Eu estava mesmo atrás dele, a um metro de distância, e pensei que o ia comer e parar. Mas não, ele empurrou, empurrou e empurrou, e eu nunca consegui apanhá-lo”, relatou.
“Ele é mais jogador de equipa do que se pensa e é muito valioso devido à sua pressão. Está sempre a fazer um esforço, pronto a incomodar os defesas, a voltar a colocar-se em posição, a recuar, a defender... Não é batoteiro. Se tiver de voltar a correr para cortar uma linha de passe, fá-lo-á sem qualquer problema. Ele está concentrado no seu jogo, não está interessado em mais nada. Ainda lhe dei alguns pisões. Ele queixou-se um pouco ao árbitro em sueco, mas não me disse nada. O que lhe interessa é a eficácia máxima, não a fantasia”, completou, com Bong a rematar: “Ele é um goleador puro, um verdadeiro goleador, com toda a garra e o fogo que é preciso ter lá dentro. Pode ter sucesso em qualquer lugar”.