Noite épica que colocou o Sporting na final da Taça UEFA de 2004/05 faz 15 anos e perdura na memória de leões e dos amantes do futebol.
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A noite épica de Alkmaar, que levou o Sporting ao Olimpo (final da Taça UEFA de 2004/05, em Alvalade), faz esta terça-feira 15 anos e O JOGO recorda algumas curiosidades desse momento inesquecível. Miguel Garcia (o autor do decisivo 3-2 aos 120"+2" que ficou conhecido como "o herói de Alkmaar"), Tello (autor da assistência teleguiada de bola parada, de canto), José Peseiro (treinador nessa temporada) e Pedro Barbosa (o capitão que chegou a dizer que já se via a levantar a Taça) já perderam a conta às vezes que abordaram essa noite épica, dramática e emocionante, que ainda perdura na memória como uma das mais espetaculares jornadas europeias de clubes portugueses.
A glória que o Sporting viveu nessa segunda mão da Taça UEFA (hoje Liga Europa), foi, contudo, o prelúdio de uma tragédia que se abateu sobre os verdes e brancos na semana seguinte, com a perda da Liga contra o Benfica e da respetiva final com o CSKA de Moscovo, ainda por cima no seu feudo, em Alvalade. Um balde de água fria, assim como o que era o patinho feio da equipa, Miguel Garcia, deu aos holandeses do AZ Alkmaar.
"Eu já conhecia o golo com a mão de Deus, mas agora conheço também golo com o ombro de Garcia. Depois do milagre de Fátima, agora há o milagre de Garcia", disse Co Adriaanse (treinador do AZ que se mudou logo a seguir para o FC Porto, com o extremo Sektioui).
Após perder por apenas 2-1 em Alvalade na primeira-mão, Co Adriaanse tinha afirmado que voltaria a Lisboa para defrontar o CSKA de Moscovo na final, referindo que ficaria no mesmo hotel, no mesmo quarto e que teria as mesmas rotinas. Hen Timmer, o guarda-redes do AZ, ficou com azia e torceu pelo CSKA na final, e o avançado Kenneth Pérez passou a detestar os leões, pois, em 2009, voltaram a não ter piedade e tiraram-no da Liga dos Campeões ao bater o Twente, onde jogava então.
"Havia o golo com a mão de Deus, e agora conheço também golo com o ombro de Garcia"
Em Alkmaar, o presidente leonino, Dias da Cunha, confidenciou a quem se sentou ao seu lado na tribuna que o jogo seria resolvido nos descontos, e no final era mais um adepto incrédulo e eufórico com o desfecho. A euforia viveu-se na capital portuguesa até altas horas da madrugada, com cerca de cinco mil pessoas à espera da equipa no aeroporto, onde Filipe Soares Franco (presidente da SAD), conseguiu passar discreto entre a multidão.
Num percurso europeu que contou com o agora titulado treinador Pedro Caixinha como observador dos adversários, José Peseiro assumiu a felicidade e sorte leonina em chegar à final, pois, afinal de contas, esteve a perder com os holandeses em Alvalade e a segundos de ser eliminado em Alkmaar.
Último golo relatado por uma lenda
O AZ Alkmaar-Sporting teve 2,2 milhões de telespectadores a ver em direto pela TVI (o terceiro jogo mais visto da época), mas foi o relato da lenda da rádio Jorge Perestrelo, na TSF, que chegou a mais público e que ainda hoje surge associado às imagens do golo de Miguel Garcia. O locutor com estilo peculiar e invulgar, conhecido por expressões como "ripa na rapaqueca" sentiu-se mal antes do jogo e faleceu já em Lisboa, no dia seguinte, por enfarte de miocárdio. Gritou 18 vezes golo antes de dizer três vezes "eu te amo Sporting".