Quem descobriu o avançado e trabalhou com ele no início da carreira, considera que o atual segundo melhor marcador da Luz, fruto dos oito golos, e atrás apenas dos dez de Pizzi, "não tem limite".
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A par de Seferovic, com oito golos, na perseguição a Pizzi (dez) na luta pelo estatuto de melhor marcador do Benfica, Darwin é neste momento o jogador às ordens de Jorge Jesus em melhor forma na hora de finalizar.
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O internacional uruguaio leva dois jogos seguidos a faturar e procura agora um feito ainda inédito de águia ao peito: marcar por três partidas consecutivas. Depois de ter marcado a Lech Poznan e Belenenses, em outubro, ainda que na altura tenha feito quatro golos, voltou a colocar a bola no fundo das redes adversárias em dois jogos imediatos ante Portimonense e Santa Clara. Mas se frente aos algarvios ajudou à conquista dos três pontos, nos Açores o tento do camisola 9 foi insuficiente: o Benfica voltou a Lisboa apenas com um empate.
Esta sexta-feira, diante do Tondela, o avançado, que se destaca também fora dos relvados, nunca esquecendo as suas origens e procurando ajudar aqueles que mais necessitam (ver peça ao lado), enfrenta assim um desafio - a melhor série a marcar da carreira são quatro jogos no Almería, o primeiro a terminar 2019 e os três seguintes no arranque de 2020 - de forma a procurar recolocar a equipa de Jorge Jesus no rumo dos triunfos. Ele que não teve problemas em apontar a deficiências à equipa após a divisão de pontos em São Miguel, referindo-se então a um Benfica "adormecido" nos segundos 45" e frisando a obrigação de "corrigir esses erros que marcam a diferença".
"Pode tornar-se um Lewandowski se começar a cabecear mais"
Maior investimento de sempre do Benfica e de equipas lusas, Darwin, que custou 24 milhões de euros às águias, contabiliza oito golos, mas pode fazer ainda mais, como sublinham a O JOGO José Perdomo, antigo internacional uruguaio que descobriu para o Peñarol o ponta de lança em Artigas, no Uruguai, e Juan Ahuntchain, coordenador da formação do clube na altura e que orientou vários escalões ao longo do seu percurso como técnico. O primeiro chega a considerar que o camisola 9 da Luz "pode tornar-se um Lewandowski se começar a cabecear mais", imaginando-o a brilhar com a camisola celeste do Uruguai: "Ainda não amadureceu e cresceu tudo o que pode. É um miúdo que não tem limite e que vai dar muito à seleção."
A dupla destaca a capacidade física e a personalidade como principais qualidades do atacante. "É um privilegiado em termos físicos", afirma Perdomo. "O poderio físico foi algo que nos impressionou, mais do que a técnica. Era potente, relativamente rápido e agressivo nos últimos metros. Tem uma genética importante", detalha Ahuntchain. Ambos fizeram parte da evolução de Darwin como futebolista e sentem-se orgulhosos do que demonstra hoje com a camisola do Benfica. "Não é um jogador de um talento técnico de outro mundo ou de uma grande visão de jogo, mas foi melhorando. E é agressivo e remata muito bem", defende o antigo coordenador da formação do Peñarol, reforçando: "Vejo-o mais evoluído a nível de controlo de bola. É natural que na Europa vá ganhando maior nível, porque nos treinos há muito essa preocupação. Quando era mais novo, atrapalhava-se com a ansiedade de falta de técnica." José Perdomo, por sua vez, recorda que no Peñarol o ponta de lança "era questionado porque não metia o pé". "Tinha medo das lesões", justifica, ressalvando a mudança: "Mas depois foi para a Europa e teve sucesso. E muito ainda está por vir, porque ele não tem limite."
"É agressivo e remata muito bem. Vejo-o mais evoluído a nível de controlo de bola"
"Jorge Jesus recomendou-o e algo saberá. Viu algo para que pagassem tanto dinheiro pelo seu passe quando estava na segunda divisão de Espanha. E já é titular, não está a fazer a sua adaptação como suplente. Entrou rapidamente na equipa, o que não é fácil, porque a adaptação custa a todos", destaca Perdomo, concretizando: "Mas ele é forte psicologicamente e quando define um objetivo não pára até consegui-lo."