Luís Rocha acompanhou Paulo Oliveira das escolas em Famalicão até à estreia na primeira equipa do Vitória, em 2012/13. Analisa o central ainda com visão estranha pela atual camisola
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Nasceu em Famalicão, venceu uma Taça de Portugal no Vitória, pelo qual jogou dos 14 aos 22 anos, e uma Taça da Liga no Braga, já em 22/23. Com 123 jogos na Pedreira, superou o dobro dos que fizera pelos vimaranenses: 60. Nasceu conquistador e fez-se guerreiro e já lidou com os dérbis nos dois lados da barricada. Aos 33 anos, de perfil sereno, Paulo Oliveira terá lugar garantido no onze de Carvalhal para a deslocação a uma casa que conhece bem, e onde o Braga tentará vingar derrota da primeira volta, quando a Pedreira foi tomada por inesperada implosão, perdendo por 0-2. O central ficou no banco nessa noite, mas, agora, será escudo nos planos.
Não há quem conheça melhor Paulo Oliveira do que Luís Rocha, lateral-esquerdo do Kifisias, emblema da 2.ª divisão da Grécia. Cresceu em Famalicão e com atual defesa do Braga transitou para Guimarães, ainda na formação. “Não me surpreende ver o Paulo alinhado com a dimensão do Braga. Desde novo, foi sempre muito admirado por todos pelo jogador que era e pela postura como companheiro. Depressa mostrou maturidade e sabia muito bem o que queria”, elogia Rocha, realçando o papel central e tranquilizante de Paulo Oliveira no balneário dos guerreiros. “É o jogador ideal para ajudar qualquer equipa que quer continuar a dar passos em frente. Além das qualidades, há tudo aquilo que dá ao balneário. Como capitão é, certamente, admirado pelo treinador e pelos colegas. É muito fácil trabalhar com ele, porque mete o coletivo à frente de tudo!”, destaca o lateral, pondo na balança o caráter especial de um dérbi.
“Gostava muito mais de o ver jogar com a camisola do Vitória, mas o futebol é mesmo assim. O profissionalismo do Paulo fala mais alto, embora não duvide do seu enorme respeito pelo Vitória. Está no rival e foi, por certo, uma decisão muito ponderada por ele; não deve ter sido fácil de a tomar. Há uma rivalidade fortíssima, mas são sempre jogos fantásticos de se viverem”, antecipa o lateral, descontando qualquer acosso de pressão sobre o amigo capaz de influenciar o rendimento. “Pressão não, está mais do que preparado! Agora, mal recebido... depende. Os adeptos do Vitória não aceitam muito bem quando um jogador que atingiu um nível muito bom no clube aparece depois num rival. Preparado ele está, mas palmas não terá”, garante Luís Rocha, que dividiu o campo com o central num triunfo vimaranense sobre o opositor minhoto no D. Afonso Henriques, em 2013/14. E lembra também gracejos de jogos mais longínquos. “Numa fase final de juniores fomos apedrejados numa chegada ao 1º Maio. Em Guimarães, o complexo enchia em qualquer escalão.”
Ciente também está da importância recente assumida por Paulo Oliveira como pilar da sequência vitoriosa do Braga. “Está muito bem e esta sequência coincide com um bom momento do clube. Está a ter o seu papel neste crescimento. Viveu este jogo dos dois lados e tem a mensagem certa a transmitir aos colegas”, frisa, reconhecendo um despique imprevisível. “O Vitória remodelou muito o plantel, trocou de treinadores, mas continua a ter capacidade de jogar olhos nos olhos este jogo. Não encontro favorito”.
Das escolinhas em Famalicão à Taça de Portugal pelo Vitória
Luís Rocha desvenda a cumplicidade cedo alcançada com Paulo Oliveira. Ambos acabam por ser lançados por curta diferença de dias, em 2012/13, pela mão de Rui Vitória. “O meu caminho com o Paulo cruzou-se por volta dos sete anos, nas escolinhas do Famalicão; aos 13 deu-se o reencontro no Vitória. Foram dez anos juntos, entre formação, equipa B e equipa principal! Em Famalicão, havia uma ligação mais notória ao Vitória, que, por sua vez, tinha ótima formação e recrutava muito bem. Tivemos muitos momentos de convívio e transportes partilhados durante todos esses anos para ir treinar! Foi um grande exemplo para mim”, louva o lateral do Kifisias, clube de Atenas, que luta pela subida ao escalão maior da Grécia.