As vitórias foram disfarçando a baixa produção da dupla, mas Conceição nunca escondeu algum desconforto com isso e nos últimos jogos apostou com mais frequência num sistema com três médios
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Emparelhados com o objetivo de se tornarem os motores que fariam funcionar o FC Porto, Danilo e Uribe trabalharam quase sempre abaixo da média durante a primeira metade da temporada.
Danilo está num nível inferior ao que habituou os portistas e Uribe vai tardando a atingir o patamar fixado por Herrera
O português tem batalhado para igualar o nível a que habituou os adeptos portistas, enquanto o colombiano vai demorando a atingir o patamar fixado por Herrera nas seis épocas que passou no Dragão. As vitórias foram disfarçando o sub-rendimento da dupla, mas Sérgio Conceição nunca escondeu algum desconforto com o desenrolar dos acontecimentos e a inclusão de um terceiro elemento no "miolo" também esteve relacionada com isso. "Mudei porque senti que a equipa necessitava de criatividade.
Não só na zona de criação, mas também numa primeira e segunda fases de construção", explicou Conceição, recentemente, em entrevista ao Canal 11. O treinador não visou diretamente ambos, mas a verdade é que Danilo e Uribe são fundamentais nas duas fases.
Proprietário quase em exclusivo do lugar imediatamente à frente dos centrais desde que chegou ao FC Porto, em 2015, Danilo só tem como modelo de comparação o próprio. E as conclusões, baseadas nas estatísticas do portal "Wyscout", que traduzimos sob a forma de infografia, apontam para uma produção inferior à média pessoal no clube.
O Comendador, que tem sido alvo de algumas críticas nas redes sociais, está pior em praticamente todos os capítulos e salta à vista uma ligeira diminuição no número de ações que tem por jogo. As quedas mais significativas, contudo, verificam-se ao nível dos duelos individuais (menos cinco do que a média pessoal) e na quantidade de bolas ganhas, seja através da recuperação ou da mera interceção (quase menos oito por comparação com a melhor fase da carreira).
Uribe saiu beliscado pelo caso de indisciplina que protagonizou em novembro e acabou por perder jogos e tempo de utilização
Os princípios da equipa com e sem bola são os mesmos, independentemente de quem joga, mas as constantes trocas de parceiro também não têm favorecido Danilo. Uribe foi contratado com o objetivo de trazer essa estabilidade, só que não tem conseguido emular o rendimento de Herrera, que numa primeira fase no FC Porto também era encarado como uma espécie de patinho feio. No entanto, o mexicano sempre foi foi capaz de atenuar as críticas pelo facto de marcar ou assistir os companheiros com alguma frequência.
O ex-capitão despediu-se do Dragão no verão com uma média de seis golos marcados e cinco oferecidos por época. O colombiano, que saiu beliscado do caso em que violou o regulamento interno do clube, em novembro, mantém-se a zero em ambos os capítulos e não se mostra tão participativo, tanto na vertente ofensiva (remates, dribles ou duelos) como na defensiva (interceções ou recuperações).
Conceição utilizou sete jogadores nas duas posições mais recuadas
Por sub-rendimento de uns, castigos de outros ou lesões, Sérgio Conceição tem mudado com alguma frequência os elementos das duas posições mais recuadas do meio-campo e, nos 32 encontros efetuados pelo FC Porto, já por lá passaram um total de sete jogadores de início. Danilo e Sérgio Oliveira foram os primeiros, em Krasnodar, na primeira mão da terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões.
Desde então seguiram-se Uribe, Loum, Otávio, Mbemba ou Bruno Costa, que entretanto se transferiu a título definitivo para o Portimonense. Vítor Ferreira, que recentemente foi promovido da equipa B, também por lá passou durante alguns minutos com o Varzim, mas, ao contrário dos outros sete, ainda procura a primeira oportunidade como titular.
Comendador mais estável em 2016/17
Foi na segunda época ao serviço do FC Porto que Danilo apresentou um rendimento mais elevado. A eficácia global das ações fixou-se nos 79 por cento (máximo nestes cinco anos), a do passe ultrapassou os 91 por cento e ainda fixou máximos ao nível das interceções (5,3) e das recuperações (13,3).
Mais remates agora mas menos golos
À medida que foi somando épocas no FC Porto o médio foi aumentando o número de tentativas de remate, mas a sorte nem sempre tem estado com ele. Pelo contrário. Esta temporada, por exemplo, ainda não marcou. Curiosamente, foi em 2015/16, quando disparou ligeiramente menos (0,9) do que a média individual (1,1), que acabou por marcar mais: seis golos.
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Uribe não participa tanto como Herrera
Nas seis temporadas em que serviu o FC Porto, Herrera tinha uma média de 88 ações por encontro. Já Uribe não chega sequer às 80. O colombiano fica-se pelas 73, ainda que, diga-se, com uma eficácia ligeiramente acima da do agora jogador do Atlético de Madrid: 69,5 por centro, contra 68,2.
Colombiano nunca ficou a "zero"
Um das qualidades que apontavam a Uribe na Colômbia e no México prendia-se com a aproximação à área e a capacidade de remate de longa distância. Matheus nunca foi um goleador, mas também nunca terminou uma temporada sem "picar o ponto". O mínimo que logrou desde 2010/11, quando representou o Deportivo Español, foram dois golos, precisamente ao serviço do clube argentino. O máximo foram 14, pelos mexicanos do América, em 2017/18.