Avançado marcou ao Famalicão e colocou um ponto final no maior jejum como profissional. Ex-treinador antecipa um regresso do brasileiro à "velha versão"; Tiro certeiro que valeu a vitória na última quinta-feira foi o primeiro de "Eva" em seis meses. Calvário de lesões não ajudou, mas Gustavo Leal sublinha a "mentalidade forte".
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Foi ao cair o pano, com o cronómetro a bater nos 120"+4", que o FC Porto garantiu a vitória sobre o Famalicão (3-2), na última quinta-feira, graças a um golo de Evanilson. O avançado brasileiro colocou o ponto de exclamação na passagem dos dragões à final da Taça de Portugal, aproveitando, ao mesmo tempo, para espantar fantasmas. Isto, porque o remate certeiro pôs fim a uma "seca" de golos que durava há praticamente seis meses, a maior desde que o dianteiro subiu em definitivo ao plantel principal do Fluminense, na ponta final de 2019.
Foram 180 dias de jejum - não faturava desde o "bis" ao Paços de Ferreira, a 5 de novembro -, marcados por vários problemas físicos, que passaram por mialgias e lesões nos joelhos que afastaram o brasileiro de 14 encontros e, consequentemente, do caminho da baliza.
Quebrada a malapata e apostado em enxotar de vez a maré de azar, Evanilson enfrenta, agora, duas missões. A primeira passa por voltar a cimentar-se no ataque portista; a segunda, espera o jogador, será reencontrar a regularidade goleadora que evidenciou, por exemplo, em 2021/22.
Atento à situação de "Eva", ainda que à distância de milhares de quilómetros, está Gustavo Leal, que treinou o atacante nas camadas jovens do Fluminense (com destaque para os Sub-20), no Samorin (Eslováquia) e na seleção olímpica do Brasil, então como adjunto de André Jardine, cargo que desempenha atualmente no Atlético San Luis, do México. Conhecedor profundo do perfil do camisola 30 do FC Porto, o técnico canarinho tem poucas dúvidas: o tento ao Famalicão foi o ponto de partida para o regresso da melhor versão. "Quando um avançado não marca, fica incomodado, mas acredito que depois deste golo vamos voltar a ver o velho Evanilson. É só uma questão de tempo", afirmou Gustavo Leal a O JOGO. "É um jogador com potencial inegável, que vai voltar a ter confiança", acrescenta o técnico, de 35 anos.
Tanto tempo de fora por lesão foi uma novidade para "Eva". "Nunca tinha sofrido com problemas físicos de maior. Teve, claro, aqueles problemas pontuais, uma pancada, um pequeno incómodo, mas nunca ficou afastado por muito tempo. Tem um perfil muito atlético, cuida-se ao máximo", aponta Gustavo Leal sobre o ex-pupilo. A "mentalidade forte" foi, portanto, um fator a pesar na superação da fase mais complicada: "Superou muitos desafios e dúvidas ao longo da carreira. Por norma, o jogador brasileiro sai muito jovem de casa, tem de vingar em vários escalões... Quem chega ao patamar em que ele está, tem de ser muito forte a nível mental. E isso terá sido essencial para superar esse período menos bom", acrescenta o treinador, que deixa uma ressalva em relação à gestão de expectativas. "Na época passada ultrapassou a barreira dos 20 golos, mas nem todos conseguem atingir essa marca a cada época. É normal que haja oscilações", remata. A conta de 2022/23 vai em nove, mas ainda há tempo para, pelo menos, chegar aos dois dígitos. Esse é, naturalmente, o desejo de Evanilson.
Penálti abriu porta a outro "exorcismo" no Dragão
Evanilson não foi o único jogador do FC Porto a saciar o jejum de golos diante do Famalicão. Bem antes, ainda na primeira parte, Galeno também aproveitou para pôr fim a uma "travessia no deserto" que durava há pouco mais de três meses, desde a vitória (2-0) em casa do Marítimo, a 1 de fevereiro. Alguns minutos depois do golo dos minhotos, Uribe foi carregado em falta na grande área e o extremo encarregou-se da marcação do penálti. A conversão bem sucedida foi um alívio para Galeno, que, no festejo, pontapeou a bola bem alta no ar, numa espécie de descarga emocional. Recorde-se que o camisola 13 é o segundo melhor marcador dos dragões na presente época, totalizando 15 tentos. Só Taremi, com 25, faturou mais vezes.