O modelo tático preferido (4x4x2) e a fisionomia dos avançados são apenas parte de várias semelhanças na condução das respetivas equipas. Hoje, dão o pontapé de saída de uma eliminatória que promete.
Corpo do artigo
Abel Ferreira já treinava o Braga quando Sérgio Conceição chegou ao comando técnico do FC Porto, no verão de 2017. Mas desde essa altura, os portistas estão 100 por cento vitoriosos nos duelos com os bracarenses. Em três jogos, três vitórias, cinco golos marcados e apenas um sofrido.
Hoje, a jogar em casa, o campeão nacional tenta um triunfo que lhe permita encarar com otimismo o encontro da segunda mão, na Pedreira; os arsenalistas procuram o único título que ainda depende apenas da prestação própria.
Apesar da diferença entre as duas equipas espelhada na classificação do campeonato, e de picardias recentes entre um e outro, é mais o que une as ideias dos dois treinadores do que os separa. A começar pelo modelo de jogo preferido de Sérgio Conceição e Abel Ferreira: o 4x4x2, com avançados poderosos do ponto de vista físico, especialmente Marega (FC Porto) e Dyego Sousa (Braga).
José Mota, antigo treinador do Aves e que defrontou as duas equipas, lembra que os dois treinadores abandonaram pontualmente o 4x4x2 e explica porquê. "As duas equipas apostam muito na profundidade, têm jogadores velozes no ataque e jogam no limite do fora de jogo. O FC Porto quando dispõe do Marega e o Braga com o Paulinho, que faz muito bem as diagonais interiores. Isso faz com que o jogo seja mais aberto, mais rápido e mais intenso", justifica José Mota, perspetivando "um jogo interessante", embora admita que, sendo uma eliminatória a duas mãos, pode fazer com que "o Braga tenha algumas cautelas no Dragão".
Não são apenas os modelos de jogo que unem os dois treinadores. No que respeita à gestão do plantel, em ambos se nota aposta forte nos jogadores brasileiros e o recurso ao mercado português na hora de contratar. O plantel portista conta com 10 brasileiros, sete utilizados com frequência, concretamente Militão, Felipe, Alex Telles, Otávio, Fernando, Soares e até Pepe. Já o Braga tem 13 futebolistas nascidos naquele país e também conta com sete jogadores chamados com regularidade por Abel Ferreira: Marcelo Goiano, Raúl Silva, Pablo Santos, Bruno Viana, Claudemir, Fransérgio e Dyego Sousa.
No que diz respeito à contratação de jogadores, o mercado nacional é claramente o preferido. Por uma questão económica ou por conhecerem melhor o futebol português, o que facilita a adaptação, Conceição e Abel têm nos respetivos plantéis jogadores que já conheciam bem os terrenos que pisavam. Aliás, o mercado de inverno é sintomático no caso do FC Porto: Fernando veio do Santa Clara, Loum do Moreirense, Manafá do Portimonense e Pepe também conhece bem o campeonato.
Numa época longa e desgastante, há muitos aspetos que separam as duas equipas e, logicamente, os dois treinadores. Os dragões somam 40 jogos em todas as competições e ainda estão nas competições europeias, ao contrário do Braga, afastado da Liga Europa e com menos sete jogos nas pernas. E se Sérgio Conceição já garantiu a titularidade a 29 jogadores, Abel Ferreira apostou em 25 futebolistas no onze inicial, pois centra a utilização do plantel num grupo mais restrito.
A separá-los está ainda a distribuição dos golos. Enquanto no Manuel CasacaFC Porto o processo é mais democrático, estando os 91 golos em todas as provas distribuídos por 21 jogadores, no caso do Braga os 61 golos foram conseguidos por 13 futebolistas, pertencendo a grande maioria a Dyego Sousa (19), Wilson Eduardo (10) e Paulinho (8). No FC Porto, Marega é o melhor marcador, com 16 golos. Do ponto de vista coletivo, os dragões rematam mais duas vezes por jogo e também permitem menos dois tiros por encontro aos adversários. E isso traduz-se na diferença real entre golos marcados e sofridos, que explica a classificação na I Liga. Na Taça, ambos chegam com quatro triunfos em quatro jogos, um deles em prolongamento.
Poucos bês realmente aproveitados
As equipas bês têm sido um caso de sucesso no futebol português, mas esta não tem sido uma aposta regular tanto do FC Porto como do Braga. Poucos são, aliás, os exemplos que vingaram no plantel principal dos respetivos clubes. Diogo Dalot, Diogo Leite, André Pereira e Bruno Costa são algumas das exceções no FC Porto, embora nenhum com continuidade. No Braga, agora joga Tiago Sá, mas Bruno Xadas e Francisco Trincão não têm espaço. Fábio Martins é outro exemplo, mas até foi formado no Olival.