Tribunal "sobe" Gondomar à II Liga e presidente garante que há interesse do clube
Álvaro Cerqueira, presidente do clube da AF Porto, esteve na terça-feira em Lisboa reunido com responsáveis federativos e garantiu que é do interesse do clube regressar aos campeonatos profissionais.
Corpo do artigo
A decisão é de abril deste ano: o Supremo Tribunal Administrativo (STA) determinou o regresso do Gondomar à divisão em que estava (que, no caso, era a II Liga) quando foi despromovido no âmbito do processo Apito Dourado, em 2009.
FPF perdeu recurso apresentado em 2014 e STA determinou regresso dos gondomarenses à II Liga
O processo teve várias etapas e já em 2014 tinha sido dada razão ao emblema gondomarense, mas, na altura, essa decisão judicial, que anulara as escutas telefónicas que tinham servido de base à condenação do clube, foi objeto de recurso por parte da FPF. Mais de dez anos depois, chega a conclusão definitiva: o Gondomar, despromovido em 2024/25 às distritais da AF Porto, terá mesmo o direito de reclamar a reintegração na II Liga.
Sendo a decisão de abril, houve nos últimos meses silêncio sobre o assunto, que na terça-feira passou a ser público depois de o canal Now ter avançado com a decisão do STA, que não tem recurso.
Também na terça-feira, Álvaro Cerqueira, presidente do Gondomar, esteve reunido, em Lisboa, com representantes da Federação, sem que daí tenha resultado, para já, qualquer avanço significativo. Da Liga, até ver, também ainda não houve eco para debater o assunto.
Contactado por O JOGO, o líder dos gondomarenses explicou que o silêncio que manteve desde que recebeu a notificação do STA, em abril, se devera, pelo menos nos primeiros 30 dias, à necessidade de garantir que não haveria mesmo espaço a novo recurso por parte da FPF, como acontecera em 2014. Sobre o encontro de terça-feira com os responsáveis federativos, não disse mais do que ter sido “muito bem recebido”. Tinham-lhe sido propostas duas datas para o encontro: terça-feira, às 14h30, ou esta quarta-feira, de manhã. Trouxe de volta garantias de que o processo seria estudado. Questionado por O JOGO sobre se interessa ao Gondomar regressar a um escalão profissional, contrapôs com outra pergunta: “Acha que se não interessasse, estaria desde 2009 a lutar por isso?”
Os prazos para que tal se concretize são, de momento, pouco claros, embora as decisões judiciais transitem para a temporada desportiva seguinte, a menos que haja acordo noutro sentido. Qualquer época que se avance nesta altura para concretizar a decisão judicial - 2026/27 ou 2027/28... - é matéria especulativa. “Não há resposta para isso”, garantiu Álvaro Cerqueira, que, questionado sobre se o atual Gondomar tem capacidade para voltar a uma prova profissional, respondeu com o passado. “Estivemos cinco anos na II Liga”, argumentou. Quanto a um eventual pedido de indemnização, nada disse.
Recorde-se que Gil Vicente, no âmbito de um processo diferente, o Caso Mateus, teve uma decisão judicial favorável em 2016, mas só voltou à I Liga em 2019/20. A reintegração do Boavista, que também fora condenado no Apito Dourado, ocorreu em 2014/15 e implicou, na altura, um alargamento da I Liga, de 16 para 18 clubes.