Nos anos 80, ganharam eco expressões sobre a quebra na quadra natalícia. Em 2020/21 os leões seguem isolados na frente: costuma ser sinónimo de campeão.
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Com Rúben Amorim ao leme, o universo sportinguista superou o trauma do Natal e está a viver dias de entusiasmo, em momentos de euforia, e até de maior união num emblema habituado a cisões e automutilações na praça pública, umas vezes em campo e outras entre os seus dirigentes, adeptos e crítica.
Ao fim de quatro décadas, o jovem técnico está a emular o que conseguiram apenas dois treinadores: Malcolm Allison em 1981/82 e Laszlo Boloni em 2001/02 (nas duas temporadas o Sporting foi, precisamente... campeão).
Rúben Amorim, pode interpretar-se assim, está a ultrapassar com distinção o trauma leonino que tem sido desde os anos 1980 o período competitivo imediatamente antes do Natal, onde historicamente é frequente ver o clube afastar-se do topo da tabela e da discussão do título. O síndrome do Natal costuma enfermar o leão na quadra natalícia, mas o técnico ex-Braga criou uma dinâmica vencedora que coloca nesta pausa competitiva o Sporting em primeiro da Liga e de forma isolada, com uma distância pontual, de dois pontos, que não se verificava desde a citada temporada de 1981/82.
Durante décadas, com início em data incerta nos anos 1980, mas de forma mais premente a partir do final dessa década, os rivais do Sporting utilizam expressões jocosas como "o Sporting não chega ao Natal" para descrever o fenómeno, sendo que neste período de 40 anos os verdes e brancos foram campeões apenas em três ocasiões, com um jejum de 18 anos concluído e outro em vigor. Até entre os adeptos leoninos a expressão causa aflição, angústia e amargura, pairando no seu imaginário e no subconsciente. Um pensamento negativo que também afetava jogadores e que gerava desconforto no balneário, além de servir de desculpa para quebras comuns no Natal, tal como a arbitragem tem sido ciclicamente usada como argumento para o insucesso.
Queixas de distância encurtada pelos árbitros
Os dois pontos de avanço do Sporting em relação ao segundo classificado, o Benfica, podiam ser seis, de acordo com as queixas dos dirigentes e jogadores leoninos. Estes reclamam veementemente terem sido "roubados" nos jogos contra FC Porto e Famalicão, que terminaram empatados, tendo-se esfumado dois pontos em cada partida.
Dérbis marcaram e estiveram no início do trauma natalício
Na década de 1980, em que o trauma do Natal surgiu, foi ganhando dimensão graças aos dérbis entre Sporting e Benfica. Os dois grandes defrontaram-se em vésperas do Natal de 1984, 1985, 1986 e 1988. No penúltimo dos mencionados a jornada foi de festa e ficou na história, com o célebre triunfo por 7-1 (a 14 de dezembro, a última ronda antes do Natal).
Distância para o líder chegou aos 20 pontos no 10.º lugar
Em oito temporadas nestes 40 anos, o Sporting chegou ao Natal a mais de 10 pontos de distância do topo. Na última época (com quatro treinadores, Marcel Keizer, Leonel Pontes, Jorge Silas e Rúben Amorim), o Sporting estava a 13 pontos. O pior registo foi em 2012/13, em que os leões seguiam em 10.º da Liga e a 20 pontos do líder. Nessa época passaram pelo banco leonino Sá Pinto, Vercauteren, Oceano e Jesualdo Ferreira.
"Campeão de Inverno" na Taça da Liga mitigou
A frustração dos adeptos leoninos foi mitigada em duas épocas recentes com a conquista do que se conhece, embora não de forma unânime, como "campeonato de Inverno". Com a conquista da Taça da Liga em janeiro, nas temporadas 2017/18 (ao V. Setúbal) e em 2018/19 (ao FC Porto), ambas nos penáltis, o Sporting sofreu igualmente no Natal, mas teve uma alegria pouco depois...