Andre Arendse foi adjunto do técnico escocês e, em conversa com O JOGO, descreve os métodos de trabalho e a forma de estar
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Stuart Baxter tomou as rédeas do Boavista com uma vitória, impulsionando a febre da permanência. O técnico escocês, de 71 anos, é daqueles que pregou esperança em várias partes do mundo e nunca fugiu de missões difíceis, agarrando agora outra em Portugal com desejo ardente de salvar a pele a um histórico. Em 2019, Baxter orientava a África do Sul na CAN, tendo como treinador de guarda-redes o histórico Andre Arendse, que somou 67 internacionalizações pelos Bafana Bafana.
O JOGO conseguiu falar com este titular da baliza da sua seleção no Mundial 2002 que transborda o encanto pela escolha das panteras. “Trabalhei primeiro com Baxter no Supersport. Percebi a atenção aos detalhes no planeamento dos treinos de um dia para o outro. Tem a habilidade única de empoderar quem tem à volta, faz os jogadores jogarem com máxima confiança e sem stress”, recorda Arendse, com destaque para a ligação que o escocês construía com os jogadores: “Gostavam de conversar com ele e fazer perguntas. Ele torna os atletas melhores. Já o disse e repito, trabalhar com Baxter é como estares todos os dias num curso de treinador”.
Na África do Sul, garante o ex-jogador, “a reputação é ótima”, pelos títulos no Kaiser Chiefs e o percurso na seleção. “Na CAN de 2019, colaborava com ele e conseguimos afastar o Egito em casa, que tinha Salah como estrela do torneio. Ninguém nos dava chances, mas ele fez os jogadores acreditarem que podiam vencer. E venceram!”, precisa, Arendse, que, entretanto se fez treinador principal. “Posso dizer que tenho a influência de Baxter de saber lidar com os atletas como seres humanos, entendendo, depois, o caráter de cada um. E depois treiná-los e orientá-los da melhor maneira. Esse ensinamento vou levar para vida”, expressa o técnico, definindo a matriz tática do técnico do Boavista, que amanhã tem o desafio de travar o leão na luta pelo título: “Domina a arte do equilíbrio defensivo e ofensivo. Faz os jogadores sentirem liberdade para se exprimirem, é inteligente a delinear padrões para as equipas e sempre descreve os movimentos pretendidos desta forma: ‘defines o teu caminho através do opositor’”.
Típico humor britânico
Fora de campo, Andre Arendse recorda uma “personalidade cativante, mas que gosta de meter piadas”. “Acho que todos perceberão rapidamente o seu humor britânico contagiante. Mas também exige que se leve tudo a sério e isso passa por arregaçar as mangas. Ainda hoje estou surpreendido que não tenha treinado grandes clubes no mundo”, documenta o técnico, atento daqui para a frente ao Boavista. “Está aí um caminho difícil, mas o Baxter pode trazer a calma e mantê-lo longe do pânico. Vai manter os jogadores focados num jogo de cada vez e ajudá-los a vencer o máximo. É o homem certo para a tarefa”, aposta.