Tornar-se assistente do processo “Bilhete Dourado” nas promessas de André Villas-Boas
Presidente portista frisou na campanha que pediria análise forense e que seguiria o processo que entretanto levou à Operação “Bilhete Dourado”
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A operação “Bilhete Dourado”, que resultou na constituição de 13 arguidos e teve origem numa certidão extraída da operação “Pretoriano”, deverá levar o FC Porto a constituir-se assistente do processo. O JOGO sabe que a medida está a ser fortemente equacionada pela nova Direção do clube - a da SAD cessante permanece em silêncio -, depois de André Villas-Boas ter feito da análise a todo o sistema de bilhética uma das bandeiras na campanha eleitoral. No entanto, só deve acontecer depois de o presidente também tomar posse da sociedade, numa Assembleia Geral marcada para 28 de maio.
Forte possibilidade só deve avançar após a tomada de posse como líder da SAD, numa AG marcada para 28 de maio. Protocolo com os Super Dragões é de renovação automática, mas pode ser denunciado até dia 31.
“Vou colocar-me como assistente no processo que está em curso [Pretoriano] para perceber o que aconteceu ao dinheiro”, garantiu o agora líder dos dragões, numa sessão de esclarecimento na Casa do FC Porto de Argoncilhe, realizada a 17 de março, alertando, já na altura, para o facto de “uma claque” ter tido “acesso indevido a quantidades enormes de bilhetes” e de os ter transacionado em detrimento de serem cedidos às casas. AVB prometeu mesmo “uma análise forense” para perceber “porque é que saíram determinado número de bilhetes que deveriam ter rendido determinados milhares de euros”.
As diligências entretanto efetuadas pelas autoridades, que passaram o dia de domingo a recolher prova nos escritórios da Porto Comercial e na Loja do Associado do Estádio do Dragão, vieram simplificar a tarefa de Villas-Boas, que prometeu ser implacável para quem tenha prejudicado o FC Porto. O Ministério Público não aponta concretamente o valor que terá deixado de entrar nos cofres portistas, mas sustenta, no mandado de busca e apreensão a que O JOGO teve acesso, que “não existem dúvidas” de que “são várias as pessoas com lucros consideráveis” referentes a esta atividade alegadamente criminosa e que ela “lesa claramente” os azuis e brancos.
As maiores suspeitas recaem sobre a família de Fernando e Sandra Madureira, presidente e vice-presidente dos “Super Dragões”, mas também são mencionados outros elementos com ligações à claque e ainda Cátia Guedes, coordenadora da Loja do Associado, e Fernando Saúl, ex-oficial de ligação aos adeptos - este terá rescindido o contrato a três dias do ato eleitoral, realizado a 27 de abril, e, segundo o “JN”, recebido uma indemnização no valor de 190 mil euros.
Protocolo com os “Super” vigora até 30 de junho
Ao longo do périplo pelas casas e filiais do FC Porto, André Villas-Boas nunca se mostrou contra os grupos organizados de adeptos. Chegou, aliás, a revelar que em criança “ia para o meio dos Super Dragões” e a elogiar o papel das claques no apoio às equipas das diversas modalidades do clube. Contudo, chegou a avisar que “tudo o que são protocolos” com estes grupos “são para refazer”.
No caso do da claque mais representativa (Super Dragões), terá de manifestar essa intenção até 31 de maio, como se percebe do acordo entregue à Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência no Desporto (APCVD).
Nas disposições finais, pode ler-se que o protocolo “vigorará pelo período compreendido entre 10 de setembro de 2023 e 30 de junho de 2024, renovando-se automaticamente por períodos de um ano, se não for por nenhuma das partes denunciado até 30 dias antes do seu termo”. Depois do sucedido, algumas alterações deverão passar para o papel.