Toni Martínez já se habituou a saltar da sombra para roubar o palco e ser decisivo. O melhor jogador da semana na Liga Europa já traz da época passada a tendência de não desarmar nos períodos difíceis. Fábio Martins elogia-lhe a dedicação ao trabalho e o companheirismo.
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Toni Martínez, o resiliente. Poderia bem ser esta a síntese do percurso do avançado desde que chegou ao FC Porto, com o capítulo mais recente a valer-lhe a distinção de jogador da semana da Liga Europa. Os dois golos que apontou à Lázio reconfirmaram que o espanhol não se rende nos períodos mais difíceis, numa tendência que já vem da época passada: cresceu aos poucos e a titularidade chegou já na reta final, com quatro golos nos derradeiros cinco jogos.
Sérgio Conceição elogiou-lhe a capacidade de trabalho e é justamente esse fator que é destacado por Fábio Martins, extremo agora ao serviço do Al Wahda e que jogou com Toni Martínez no Famalicão, em 2019/20.
"O que me admirou no Toni foi exatamente isso. No Famalicão, ele era a primeira opção e jogava a maior parte das vezes, mas o que me surpreendia era a maneira de treinar, a forma como encarava os desafios. Acredito que agora seja igual", afirmou o extremo, em conversa com O JOGO. "Ele trabalha para jogar, no FC Porto tem uma concorrência enorme com excelentes jogadores, mas trabalha para ter a sua oportunidade e é o que de melhor pode fazer. Tendo a sua oportunidade, corresponde", acrescentou Fábio Martins.
Qual fénix, Martínez renasceu quando a equipa mais precisava. O "ciclo infernal", como apelidou o treinador, vai levar o plantel do FC Porto aos limites e Toni dificilmente poderia ter justificado melhor a aposta, repetindo sensações que lhe escapavam há muito. Entre outubro e o jogo com a Lázio, só fora titular por uma vez e não marcava desde o Sintrense, altura em que a titularidade já lhe fugia para Evanilson, depois de um arranque em alta, com três golos nos dois primeiros jogos. Frente à Lázio, por isso, celebrou a plenos pulmões.
"É libertar a tensão por não fazer golos há alguns jogos, soltar as emoções. Os avançados, principalmente, sentem muito a necessidade dos minutos e dos golos para as coisas lhes correrem bem", analisou Fábio Martins, que recorda um colega que também não deixava os outros esmorecerem: "Faz um excelente balneário. É preocupado com o bem-estar de todos, não é reservado, antes super tranquilo e dado. Uma excelente pessoa."
Em lista restrita após fecho de porta
Toni soube esperar e, também, lidar com o mercado. O avançado tinha alguns clubes - Granada, Cádiz e Espanho à cabeça - interessados no seu empréstimo em janeiro, altura em que não saía da sombra. A tentação de aceitar foi grande, contudo, Conceição nunca se mostrou disponível para abrir mão do avançado, consciente de que ainda poderia ser útil. Como aconteceu na quinta-feira.
A Lázio testemunhou os primeiros golos de Martínez na UEFA e logo com direito a entrar numa lista especial: o espanhol foi o 12.º jogador do FC Porto a apontar dois ou mais golos nas fases a eliminar. Por outro lado, Toni pode ter tido escassa utilização até ao momento (754 minutos e seis golos), mas é quem menos minutos precisa para marcar um golo (125"), à frente de Evanilson (139") e Taremi (166").