Rafael Defendi guarda-redes que terminou contrato com o Famalicão e seguiu para o Farense, assume que foi difícil lidar com o dia em que não pôde ir a jogo por ter tido um teste inconclusivo à covid-19.
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Rafael Defendi, que tinha acusado positivo "no início de abril", já apresentava "critérios de cura" e assegura que o caso de Barcelos não se tratou de uma reinfeção.
Ainda revê muitas vezes na sua cabeça o golo do 3-3 que vos tirou o quinto lugar?
-Esse golo não nos tirou a Europa. É lógico que era o último jogo e é o golo que fica, mas sabemos que bastava mais dois pontos para termos ficado no quinto lugar. Nem tive tempo para pensar pois ainda estava a festejar, olho para a nossa baliza e vejo o Marítimo marcar. Foi uma das maiores tristezas da minha carreira.
Foi público que o Defendi foi um dos jogadores que testaram positivo à covid-19. Quando é que tudo isso começou?
-O primeiro teste foi logo no início de abril. Já estávamos em quarentena e eu tive uma tosse diferente, o que me fez pedir o teste, que deu positivo. Eu estava saudável e só tinha essa tosse e o meu maior medo era transmitir a doença aos meus filhos.
"Soube que tinha dado inconclusivo às 6h00 antes do Gil Vicente e não dormi mais. Fiquei muito triste e confuso"
Tem ideia de onde poderá ter sido infetado?
-Creio que poderá ter sido antes da quarentena, porque depois eu não saía para nada, quem ia ao supermercado era a minha esposa e respeitei sempre todas as normas. Fiz o meu isolamento, mas não fiquei totalmente isolado pois já estava em casa há mais de 20 dias e não seria aquele isolamento que poderia impedir o contágio aos meus filhos. A tosse passou e passado duas semanas tive dois testes negativos. Comecei a treinar, acumulei quatro testes negativos, preparei-me para jogar com o FC Porto, porque o Vaná não podia ser opção por estar emprestado, e depois ia ser titular em Barcelos. Tive um teste inconclusivo 24 horas antes desse encontro e isso deixou-me muito abalado.
Nesse dia em Barcelos estava no estádio a preparar-se para ir aquecer até que lhe disseram que não podia jogar...
-O teste inconclusivo saiu na madrugada antes do jogo com o Gil Vicente, mas como eu apresentava critérios de cura, o nosso médico apresentou a documentação à DGS e à Liga e disseram que eu podia jogar. Entretanto, eu já estava a vestir-me para o aquecimento e comunicaram-me que a DGS não autorizou que eu fosse utilizado. Vim logo para casa...
O brasileiro, de 36 anos, chegou a Portugal em 2007 para jogar no Aves, voltou para o Brasil e regressou pela mão do Paços de Ferreira. Tem 96 partidas efetuadas na I Liga e 37 no segundo escalão
O que pensou na viagem do estádio até casa? Estava revoltado?
-Esse dia foi muito difícil. Recebi o resultado inconclusivo às seis da manhã e a partir daí não dormi mais. Estava muito triste e até hoje posso garantir que eu não estava reinfetado. Fiquei mesmo muito triste, porque não havia nada de errado. Eu apresentava critérios de cura e vários testes negativos. Aquilo deixou-me confuso e ainda para mais tive que vir para casa mais uma semana, até ter novo teste negativo. Foi comprovado em vários países que estas situações eram partículas do vírus morto, que eu não podia infetar ninguém nem estava infetado. A DGS tinha essa noção, mas, como não tinha 100 por cento de certeza, não pôde autorizar a minha utilização.