Gorré falou em exclusivo com O JOGO sobre o fim do ciclo no Bessa. Marcado pelo amor dos adeptos e com pena de não ter chegado a lutar pelo título em Portugal; Extremo sai realizado de Portugal pela marca de 100 jogos na Liga, mas reconhece que ambicionava ter chegado a um clube com outras pretensões, mesmo que o Boavista tenha significado muito.
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Gorré deixou o Boavista ao final de duas temporadas, e Portugal ao final de cinco, onde jogou no Nacional e Estoril. O extremo, internacional por Curaçau, mostrou estatuto importante nas panteras e foi uma das unidades mais desequilibradoras da Liga, sobressaindo nos duelos individuais. Em conversa exclusiva com o O JOGO, além das despedidas nas redes sociais, ponderando várias propostas que o aproximam de uma decisão, Gorré não esconde a satisfação pelo que fez, mas não inibe a cobrança.
"Olho para as cinco épocas com grande orgulho, porque levo de Portugal 100 jogos na Liga, um objetivo que estabeleci ao sair de Inglaterra. Estou orgulhoso e honrado pelo que alcancei e, quem sabe, se ainda voltarei um dia para prolongar esta história? Fiquei marcado por muito amor recebido", começa por dizer Gorré, não escondendo na sua cortesia uma reflexão. "Tinha ambição de lutar pelo título em Portugal, chegando a outra equipa. Representar o Boavista, jogar no Bessa para esses fãs fantásticos, que cantavam o meu nome, foi indescritível e formidável, algo que me ajudou a elevar o jogo a outro nível. Mas, sinceramente, acredito que tinha mais para dar ao Boavista e à Liga. Algo mais podia ter demonstrado", atira, mantendo sempre essa janela aberta para um regresso. No Boavista fez 65 jogos e apontou sete golos. Foi quase sempre treinado por Petit: "Ele jogou ao máximo nível e como treinador trouxe-nos o que representou como jogador. Tivemos boa relação; com o tempo, fomo-nos conhecendo melhor e percebendo como podíamos corresponder a um e outro", sublinha, gabando o último plantel.
"Era um grande grupo, com grandes jogadores, como Cannon, Malheiro, Bruno [Onyemaechi], Makouta, Seba, Yusupha. Devíamos ter chegado mais alto na tabela, lutar pela Europa, tínhamos plantel para isso, fugiram-nos algumas vitórias", admite, rendido à química que existia. "Eu adorava jogar com Seba, Makouta e Bruno Onyemaechi. Com ele, então, era uma grande ligação à esquerda, acho que era um corredor muito forte. Mas adorei jogar com todos, havia uma ótima relação, cada um dava o seu tempero à equipa e havia um balanço perfeito entre o que cada um dava e o que a equipa precisava", observa o antigo jogador do Manchester United, um dia desfeito em lágrimas quando soube que não dava o salto para a equipa principal, então tutelada por Alex Ferguson: "Foi um choque, atingiu-me muito! Lá jogara dos 6 aos 18 anos. Foi o momento mais difícil acompanhado da melhor decisão. Moldei-me como pessoa e jogador, fez-me ter a carreira que tive, instigou-me a fome e o desejo de mostrar o quão era bom. O Sir Alex, com todo o seu calibre, elogiou a minha habilidade, deu-me confiança para crescer".
Cannon apontado ao topo, tal como Malheiro e Makouta
Kenji Gorré não passou ao lado dos ex-colegas que podem voar alto no mundo do futebol: "O Cannon pode jogar em qualquer lado! É incrível, é fenomenal, um grande jogador e muito inteligente, concentrado a cobrir os buracos e com fantástica leitura de jogo", sustenta o atacante de Curaçau. "Acredito numa grande carreira do Makouta e do Malheiro, que foi muito consistente. Realmente admirável como, tão novo, conseguiu destacar-se de princípio ao fim" justifica Kenji Gorré, além de validar o talento generalizado no plantel axadrezado de 2022/23.
Os craques de 2022/23
Além dos elogios a muitos ex-companheiros, Gorré não teve problemas em eleger aqueles que mais o impressionaram na última temporada em Portugal. "A qualidade do campeonato é fantástica, há vários ótimos jogadores, mas vou fazer um top com Ugarte, Edwards, que me enchia as medidas, e o Pepe, um rochedo inacreditável para a idade. E posso colocar o João Neves como grande revelação", acrescenta o extremo.