Timofte e a saída do FC Porto para o Bessa: "Gritou-me se era carro para estar ali"
Antigo craque romeno lembra como se precipitou saída das Antas, quando era estrela da equipa; foi acolhido no Boavista por um carisma único
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Apesar de acabar com respeitáveis números na primeira época de Robson nos dragões, Timofte encerra a temporada desportiva de 1993/94 votado a duas situações pouco expectáveis: foi riscado pela Roménia para o Mundial de 1994 e ficou depois a seguir a novela do seu futuro, pois teimava em faltar acordo entre o FC Porto e o clube romeno que o detinha. Um atento Boavista espreitava uma improvável contratação nos dias de hoje de um titular azul e branco que fizera nove golos em 32 jogos. “A mudança dá-se por duas razões. Primeiro porque estive três anos emprestado pelo Timisoara, que pedia algum dinheiro a mais para as possibilidades do FC Porto na época. A isto somou-se o facto de o Bobby Robson ter preferido, julgo eu, outro tipo de jogadores, médios que defendessem mais. Por essas razões acabei por ir para o Boavista, onde fui muito bem recebido pelo Major, que foi fantástico. Abriu os cordões à bolsa, numa fase em que o Timisoara também facilitou um pouco mais. Quis ficar em Portugal e no Porto, foi uma opção ótima”, revela, descrevendo a figura carismática e singular, desses anos no Bessa.
“Com o Major era tudo engraçado. Cerca de quatro ou cinco meses depois de assinar pelo Boavista, mudei de carro e, realmente, comprei aquilo a que se chamava uma 'bomba'. Estava a sair do campo de treinos quando ele chegou. Parou e gritou-me se aquilo era carro para apresentar ali, o que as pessoas iriam dizer. Questionou-me naquele jeito dele, mais bruto, e eu respondi que fazia o que queria com o meu dinheiro”, lembra Timofte, juntando outra pérola da relação entre Manuel José e o Major. “Numa derrota em casa com o Chaves, por 4-1, em que eles nos deram um banho de bola, o jogo acaba e o Manuel José vai à flash; o Major aproveita, vem logo ao balneário e começa a dizer que tinha sido uma vergonha. Nisto, entra o treinador e diz prontamente ‘ponha-se lá fora’. O Major reage e disse que ele é que mandava, mas acabou mesmo por sair e tudo se resolveu”, recorda o romeno.