Tiago Rodrigues tem sido uma peça valiosa no trajeto de grande nível do Penafiel. Era hora de voltar a casa. No líder da II Liga atua um médio de 32 anos com a bagagem cheia de experiências em vários países. Hélder Cristóvão teve papel importante e o jogador logo ficou encantado com o grupo.
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No comando da II Liga, o Penafiel vai lutando por voltar ao primeiro escalão, mostrando atributos e solidez, guiado pelo desejo de um regresso à elite ao fim de dez anos, lembrando a última participação em 2014/15. Sob liderança de Hélder Cristóvão, os durienses têm sabido tornear obstáculos, oferecendo clarividência e equilíbrio em cada jogo, sem se deixarem penalizar por erros primários. O saldo de nove vitórias, cinco empates e duas derrotas reflete os argumentos de um Penafiel que tem tido vários elementos em bom plano, destacando-se a experiência e o estilo mais cerebral de Tiago Rodrigues, de 32 anos, ex-médio de V. Guimarães e FC Porto, embora sem conseguir ir além de jogos pela equipa B dos dragões. A felicidade no clube penafidelense é evidente.
“Estamos a fazer uma grande época e a nossa consistência enquanto equipa tem trazido bons resultados, vendo-se pela liderança que nos pertence. Estamos focados no trabalho diário, no pensamento de jogo a jogo, com os pés bem assentes na terra. O objetivo é continuar a fazermos bons resultados e, claro, sermos reconhecidos por tudo que temos trabalhado e desenvolvido até aqui”, evidencia, em conversa com O JOGO, Tiago Rodrigues.
Num “regresso planeado a Portugal”, depois de “bastantes anos fora em realidades muito distintas e nem sempre fácil”, o jogador explica a escolha pelo Penafiel, a começar pela “história” do clube. “ Senti que poderia ser não só uma boa oportunidade para mim, mas principalmente uma oportunidade de ajudar o clube com a minha experiência. O mister Hélder Cristóvão fez-me aceitar este desafio, uma vez que já havia estado com ele na Arábia Saudita. Estar perto da família foi outra das razões que me levou a vestir esta camisola”, revela.
O contributo tem sido valioso e Tiago Rodrigues sente que as qualidades que tem para apresentar estão bem alinhadas com as ambições durienses. “Considero-me experiente, mas também tenho muito a dar ao futebol, seja cá em Portugal ou no estrangeiro. Este é um dos melhores grupos que já fiz parte, isso tem-se refletido nos nossos resultados. Temos um grupo muito unido”, enaltece o médio, não questionando a carreira que teve e o facto de ter sido mais feliz fora de Portugal. “Não dependemos apenas de nós e do nosso trabalho. As circunstâncias, as oportunidades, ou falta delas, acabaram por definir alguns aspetos da minha carreira. A qualidade continua cá. Orgulho-me imenso do meu trajeto, com excelentes números e conquistas. Fui sempre profissional, trabalhei muito e fui muito feliz por onde passei”, exalta Tiago, titular em 15 dos 16 jogos que leva pelo Penafiel esta época.
Guerra precipitou saída da Rússia
Tiago desvenda algumas histórias que viveu no estrangeiro, repleto de desafios
Das aventuras pelo estrangeiro, sobram histórias de Tiago Rodrigues. “Na Arábia Saudita, encontrei pela primeira vez o técnico Hélder Cristóvão. Inicialmente, foi uma adaptação difícil a nível pessoal, pelas diferenças sociais e culturais. Sentia alguma falta de serviços, uma vez que a cidade onde eu morava, Ar Rass, era muito pequena e não era turística. Contudo, foi uma experiência muito boa contactar com o povo saudita”, desvenda, tocando no momento mais arriscado, desafiado a jogar na Rússia quando eclodia a guerra na Ucrânia.
“Foi muito difícil, porque fui sozinho, sem família. Após um mês ao serviço do UFA, começou a guerra na Ucrânia. Foram dias de muita preocupação e instabilidade, temi pela segurança, o que me levou a decidir vir mais cedo para Portugal. Deixou de ser possível enviar o meu salário para cá, o que não era sustentável. A nível desportivo foi uma ótima experiência, falando do campeonato e das condições que eram oferecidas. Mas era o único português!”, recua Tiago Rodrigues, que se despediria das rotas internacionais no Gençlerbirligi, da Turquia: “Estive lá época e meia, onde fizemos uma excelente campanha, após eu chegar. Sinto que ajudei a tirar o clube de uma situação muito difícil. Pessoalmente foi um país onde adorei viver”.
Melhor experiência foi na Bulgária
O percurso de Tiago Rodrigues é marcada pela conquista de uma Taça de Portugal no Vitória de Guimarães e outra, na Bulgária, no histórico CSKA Sofia, onde percorreu uma estrada gloriosa, medida por quatro épocas, 151 jogos e 34 golos. Um papel permanentemente destacado. Na sua aventura rompendo fronteiras, abraçando destinos que não pareceriam tão plausíveis no início da carreira, o médio entrega-se de amores ao primeiro desafio recebido, atuando pelo emblema da capital búlgara de 2017 a 2021.
“Foram cerca de sete anos fora do meu país. O CSKA foi a melhor experiência fora, principalmente a nível desportivo, com excelentes números, golos e exibições. Fui considerado o melhor médio do ano 2020 na liga búlgara, ganhei a Taça da Bulgária em 2021. Saí como o jogador estrangeiro com mais jogos com a camisola do CSKA”, recorda o médio, agarrando as seguintes etapas, começando pelo Al Hazm.