Grande momento de forma do lateral deve-se ao "reforço mental" e ao aumento da "competitividade interna", diz Adriano Teixeira. Porém, será o palco europeu a colocá-lo à prova
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Distantes vão os tempos em que subsistiam dúvidas sobre a posição de João Mário. Outrora extremo, o agora lateral-direito atravessa a melhor fase da carreira desde que, em 2020, foi promovido ao plantel principal do FC Porto. A conta vai em sete jogos seguidos a titular, uma série inédita, e, nos dois últimos, o camisola 23 fez três passes para golo (ver caixa). Contudo, o grande teste está por vir. Quem o diz é Adriano Teixeira, antigo analista da equipa técnica de Sérgio Conceição no FC Porto.
"Ainda precisa de crescer no contexto europeu, onde os adversários diretos são mais fortes e melhores. Na Champions, os opositores são de um nível superior àqueles que o João defronta na I Liga e precisa de ter outros argumentos técnicos para lá da velocidade, que já usa para mascarar algumas debilidades", afirma, a O JOGO, o atual adjunto do Al Sadd (Catar), que acompanhou o crescimento do internacional Sub-21 português no Dragão.
Atual adjunto do Al Sadd foi analista na equipa técnica de Sérgio Conceição e assistiu de perto à evolução do camisola 23. "Como extremo, teria dificuldades para vingar
O duplo embate com o Inter, nos oitavos de final da prova milionária (22 de fevereiro e 14 de março), será, por isso, uma espécie de exame à evolução de João Mário, que, há não muito tempo, andou arredado das opções iniciais de Sérgio Conceição. Foi durante o Mundial"2022, aproveitando a fase de grupos da Taça da Liga, que o lateral recuperou a vaga no onze. Mas o que motivou essa mudança de cenário? "Um reforço da mentalidade e a competitividade interna", explica Adriano Teixeira.
"Ter o Pepê e o Rodrigo Conceição na mesma posição obrigou o João a crescer. Sentiu que tinha mais concorrência e, aí, também há mérito do Sérgio, que conseguiu pegar em três jogadores que, originalmente, nem eram laterais e, de repente, começaram a competir pela vaga no corredor direito. E por que é que o João Mário está a jogar mais agora? Porque passou um período sem jogar ou a jogar pouco e sentiu maior competitividade interna. Sentiu-se espicaçado. Até o contexto de treino deve ser extremamente competitivo", afiança o técnico português.
"Estando de fora, viu os colegas a jogarem na posição dele, apercebeu-se dos erros que cometiam e, provavelmente, até se identificou com alguns. Isso ajuda e não é pouco", completa.
Conhecedor das características de João Mário, Adriano Teixeira sublinha que a versão atual do lateral "é muito melhor" do que a da época transata. "Em relação a 2021/22, já entende muito melhor os momentos de pressão. Sabe que se cometer um erro nesse aspeto pode sair caro à equipa", refere. Mérito de Conceição, claro, mas, acima de tudo, de "um miúdo humilde, que sempre se mostrou disposto a ouvir". "Se não fosse assim, provavelmente não tinha tido abertura para mudar de posição. E foi o melhor que aconteceu ao João Mário. Como extremo, teria dificuldades para vingar no FC Porto", remata.