Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol, revela que estão a surgir "dramas humanos".
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A pandemia de covid-19 tem sido usada como justificação da gestão desportiva irresponsável dos clubes e estão a surgir "dramas humanos" devido a incumprimentos salariais, disse à Agência Lusa o presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF).
Joaquim Evangelista revela que estão a surgir "dramas humanos", com "a privação de recursos financeiros para que jogadores, em especial os estrangeiros, satisfaçam as necessidades mais básicas, como a alimentação".
"Neste momento a situação é preocupante, temos muitos pedidos de apoio, em especial no Campeonato de Portugal (CP) e não vemos da parte dos clubes a capacidade, ou mesmo o interesse, em responder eficaz e solidariamente", alerta Joaquim Evangelista.
A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) está ao corrente e em articulação diária, para se poder responder com o Fundo de Garantia Salarial, no imediato, mas o SJPF quer mais: "É momento de os dirigentes do CP serem chamados a assumir os compromissos a que se vincularam", acrescenta.
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Para o dirigente, a pandemia de covid-19 foi usada como pretexto "para justificar uma gestão desportiva irresponsável, que já resultava de momento anterior" e a situação verifica-se nas competições profissionais e no CP.
"A situação salarial nas competições profissionais não é tão complexa, ainda, porque, felizmente, os mecanismos de licenciamento introduzidos ajudam a mitigar este tipo de situação", realça.
Sobre o pagamento dos salários de março, Joaquim Evangelista explica que "alguns clubes já realizaram ou garantiram o pagamento", mas há casos de clubes que "mesmo sem fundamento legal estão a adiar ou a pressionar os jogadores para aceitarem os cortes".
"Estamos a monitorizar, com preocupação, existem muitos casos de incumprimento já registados, isso podemos confirmar", aponta.
Com a pandemia de covid-19 houve ainda pedidos de ajuda ao SJPF por parte de jogadores estrangeiros para abandonarem o país.
Segundo Joaquim Evangelista, os "pedidos de informação" não foram em grande número e o sindicato ajudou os jogadores a contactar as embaixadas dos respetivos países em Portugal.
"Procurámos perceber as condições de um voo de retorno ao país de origem ou repatriamento, em caso de abandono, e articular algumas informações úteis com o SEF, se necessário", explica.
Considerando que Portugal tem respondido com segurança a esta crise e que dá aos cidadãos que vivem no país, apesar do medo natural, alguma tranquilidade, o responsável do sindicato garantiu que continuará atento.
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