"Temos de estar prontos para a pressão de subir", diz o treinador da equipa feminina do FC Porto
Treinador da equipa sénior feminina do FC Porto sente que chegou ao topo do futebol nacional e encara a meta de atingir a I Divisão em dois anos como uma motivação. Estreia oficial está marcada para domingo, com o Académico de Viseu, na Taça de Portugal, prova em que Daniel Chaves quer ir “o mais longe possível”.
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Depois de uma pré-temporada com quatro vitórias em outros tantos jogos, Daniel Chaves aborda, em entrevista a O JOGO, as sensações prévias ao primeiro encontro oficial da equipa sénior feminina do FC Porto.
Ser o treinador da primeira equipa sénior feminina do FC Porto é especial?
-Tenho muito orgulho por ser o primeiro e por estar nesta casa. Entrar numa casa como esta é chegar ao topo do futebol nacional. Era o que almejava para a minha carreira. Felizmente, as coisas aconteceram de forma a poder ser o primeiro treinador da história do futebol feminino do clube.
Imaginava acontecer?
-O meu objetivo era chegar a uma estrutura como o FC Porto e foi com base nisso que me fui guiando estes anos, apostando na minha formação para crescer, chegar aqui e sentir-me competente ao trabalhar nesta casa. Se me dissesse que era no futebol feminino, não acreditava. Mas o caminho levou para isto e estou muito feliz.
O convite surpreendeu-o?
-Não estava à espera que me ligassem para fazer parte deste projeto, mas foi uma alegria imensa receber o convite. Representar o FC Porto é um marco importante para mim.
A fasquia colocada pelo presidente, de em dois anos estar a na I Divisão, é uma motivação?
-Tento que essa fasquia seja só uma coisa positiva para nós e para o meu trabalho. Ou seja, estando na III, na II ou na I Divisão, o nível de exigência que vou ter comigo, e que o clube também exige, é ganhar, estarmos a um nível elevado. Temos que estar prontos para esta pressão.
Como explica a euforia à volta da criação da equipa?
-Os próprios adeptos sentiam falta disto, eventualmente, como de outras modalidades. Já fazia falta a um clube como o FC Porto ter futebol feminino e os adeptos estão à espera de nos ver competir ao mais alto nível e a lutar por títulos.
Qual é a importância de começar já com uma vitória contra o Académico de Viseu, na Taça de Portugal?
-É importante como fator motivacional para as ambições que temos para o jogo seguinte, que é de campeonato. No último jogo de pré-época falei com elas e disse-lhes que era importante terminarmos com boas sensações para entrarmos no primeiro jogo realmente a valer com memória de algo bom. A nossa ambição é sempre irmos o mais longe possível, sabendo, obviamente, as diferenças que temos para as equipas de II e I Divisão. Será mais um contexto competitivo que nos vai pôr à prova e queremos ir até onde for possível.
O que promete para o futuro?
-Acima de tudo, exigência. E que ninguém nos aponte nada ao final de cada jogo, independentemente se ganhamos ou perdemos. Que ninguém tenha nada a dizer do que fazemos em campo. Quando representamos este clube, tem que ser com o máximo respeito e com a máxima ambição. Depois, o resultado é consequência do que fizermos.
“Enchente? Só caí em mim depois”
Foi com espanto que Daniel Chaves viu as bancadas do Dragão encherem-se contra o U. Leiria.
Com mais de 30 mil adeptos, o que sentiu no dia da apresentação?
-Foi um motivo de alegria. Mas vou ser sincero: não estava à espera. E o mais bonito é que nunca foi falado por nós. Foi com admiração que vimos a bancada encher, a abrir uma, a abrir outra... Tudo dentro do apoio que temos sentido desde a criação do projeto.
O que pensou no fim?
-Fiquei com a sensação de que não desfrutei daquele momento. Só caí na realidade quando me sentei no autocarro para ir ao outro jogo. Foi um momento de tanta tensão, de estar a controlar tantas coisas ao mesmo tempo, que acabei por não desfrutar bem. Ver-me ali no meio do estádio e sentir o ambiente cheio fez-me lembrar quando era miúdo e estava na bancada a pensar que um dia gostava de estar no relvado também. Felizmente, as coisas aconteceram.
“O CAR será importante, mas o clube não falta com nada”
A falta de infraestruturas é um problema que André Villas-Boas espera resolver com a criação de um Centro de Alto Rendimento, em Vila Nova de Gaia, onde a equipa sénior feminina terá um espaço para trabalhar. “Será importante para o futuro termos melhores condições”, concorda Daniel Chaves, embora sinta que “o clube tem procurado que não falte nada” ao plantel. “Isso é o mais importante”, frisa. “Sabemos as dificuldades das infraestruturas do clube em termos dos campos de treino, mas isso é colmatado com o facto de as pessoas trabalharem a dobrar para que não nos falte nada. Sentimos o máximo apoio de toda a estrutura”, garante.