A influência do iraniano ultrapassa o capítulo da finalização. Recupera cada vez mais bolas e nem nos rivais há um avançado tão eficaz nos duelos e na pressão.
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O primeiro minuto do jogo com a Juventus pode, muito bem, ser o ponto de partida para ilustrar a evolução de Taremi.
Os sites de recolha estatística têm dúvidas sobre se o lance em que o iraniano parte para cima de Szczesny é uma interceção ou um remate. Mas ninguém tem dúvidas do mais importante: foi uma ação muito valiosa, que valeu um golo importantíssimo e lhe permite manter esta cadência de golos que vive desde que se assumiu como titular indiscutível do FC Porto.
Essa foi a habilidade que o fez sobressair no Rio Ave, mas é uma série de outros atributos que lhe permite manter-se à tona entre as opções de Sérgio Conceição, que pede a um avançado bem mais do que golos. Taremi dá-lhe razão e já vai muito além disso: é o mais eficaz no primeiro momento de pressão, o que ganha mais duelos, ofensivos e defensivos, o melhor na definição, o que mais vezes toca a bola na grande área, mas também o que mais soluções oferece aos colegas, até na profundidade. A estatística tem sempre um valor relativo, mas confirma um avançado bem mais forte do que aquele que, no final de agosto, chegou ao Dragão.
Voltando à Juventus, encontramos vários números que o sustentam. Desde logo as cinco recuperações no meio-campo do adversário, um recorde que igualou, mas ao qual somou mais duas no seu meio-campo defensivo, algo que nas ocasiões anteriores não sucedera. Depois, os sete duelos de bola livre, aqueles em que acorre a um espaço de ninguém para tentar chegar primeiro do que o adversário. A média da época são quatro duelos. Também nas interceções e roubos de bola se situou acima da sua média, o que confirma uma tendência crescente de eficácia a defender: só Toni Martínez tem um total médio de mais ações defensivas com sucesso.
Numa comparação mais global, Taremi é o avançado dos grandes que mais bolas ganha quando a equipa pressiona: pouco mais de 2,5 por jogo. Na realidade as diferenças para os outros portistas são residuais, mas os rivais situam-se a léguas. Paulinho (Sporting) fica-se pela metade, Darwin e Seferovic (Benfica) ainda abaixo. Nos duelos defensivos só Toni Martínez lhe leva a melhor. O iraniano ganha 55% dos lances em que participa, Marega fica-se pelos 49%, Seferovic pelos 48% e os outros abaixo. E nos duelos ofensivos é ele quem mais ordena e com diferença maior: 46% contra 40% de Toni Martínez, 32% de duelos ganhos por Marega, 34% por Paulinho, 30% de Darwin e 28% de Seferovic.
Os atributos técnicos fazem dele o melhor driblador entre os que jogam com regularidade (Toni não tem amostras significativas), com 51,2%, mais do que Marega (45%) e qualquer outro ponta-de-lança dos rivais; como também o segundo melhor finalizador (só atrás de Evanilson). Junta-se a forte presença na área: 5,5 toques na bola nesse espaço, mais do que os 4,2 de Marega e só abaixo do benfiquista Darwin (5,8). E o que mais surpreende é que já é a referência que os colegas mais procuram, à frente de Marega (12,7 passes recebidos, contra 9,3) seja em ataques progressivos ao primeiro/segundo toque, seja na profundidade, algo no qual o maliano foi sempre muito forte. Em média consegue receber 1,5 passes por jogo nessa forma de jogar, Marega fica-se pelos 0,8. Com tanta mais presença do que o habitual parceiro (53 ações totais por jogo contra 40), não é de estranhar, por isso, que além de mais golos tenha também mais assistências: fez 25 passes para remate, Marega "apenas" 13". Um jogador já de uma dimensão muito larga, à medida da importância que vai conquistando.
RESUMO
-Com a Juve igualou recorde de recuperações no meio-campo do rival
-Ninguém rouba mais bolas na primeira zona de pressão. E é o avançado que ganha mais duelos
-É a referência mais procurada pelos colegas: 13 passes recebidos
-Já ganha o dobro dos passes em profundidade em relação a Marega
-É o melhor dos da frente a definir no drible e finalização
Só Jardel e Falcao mais rápidos
Desde que Taremi se tornou indiscutível passaram 18 jogos e 13 golos. Se somarmos dois nos primeiros 13, como opção fugaz, contam-se 15 em 30 desafios, à exata média de um a cada dois jogos. Um número perigoso de se analisar, porque o iraniano só foi titular em 19 deles e só em cinco cumpriu a totalidade dos minutos. Mais justo será pontuar a produtividade ao minuto para se perceber que o ritmo de faturação é realmente elevado.
Só Jardel e Falcao foram mais rápidos a faturar entre todos os avançados que chegaram ao FC Porto depois de Pinto da Costa chegar à presidência em 1982 e se assumiram como titulares. Nas contas não entra Fernando Gomes, que jogou no FC Porto em duas fases, uma anterior, outra posterior. Ainda assim, diga-se de passagem, o Bibota marcou a cada 94 minutos, número verdadeiramente impressionante por dizer respeito a um total de 450 desafios. A lista que ao lado apresentamos dá uma noção de outros avançados de eleição que ficaram para trás de Taremi.
Na segunda infografia, completamos com o número de golos que cada um fez nos primeiros 30 jogos pelo clube. Taremi está, a esse nível, a par de Soares e Aboubakar como os melhores dos atacantes que, em quatro anos, estiveram às ordens de Sérgio Conceição.