Tamble dá cartas no Felgueiras e tem uma referência: "Beto é um jogador que admiro"
Tamble, artilheiro da Liga 3, com oito golos, diz que nada está garantido mas que crê coisas boas vão acontecer. Depois do Anadia, onde conseguiu a permanência, e do S. João de Ver, onde se lesionou com gravidade e desceu, o avançado encontrou a felicidade e conta disputar a fase de subida pela primeira vez.
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Tamble Monteiro foi o autor do golo que derrotou o Canelas, por 1-0, e colocou o Felgueiras ainda mais próximo da fase de subida, uma vez que os durienses lideram a Série A da Liga 3 e têm 11 pontos de vantagem sobre o quarto classificado quando só restam disputar 18. Apesar de estar tudo bem encaminhado para disputar pela primeira vez a fase de subida, após experiências no Anadia e S. João de Ver onde isso não aconteceu, o jogador de 23 anos, que é também o melhor marcador desta prova, com oito golos, olha com cautelas para esse objetivo, embora admita que a qualidade do plantel faz sonhar.
Com dez golos em 15 jogos, já marcou tantos como nas últimas duas temporadas. Contava alcançar tão cedo estes números?
-Tinha confiança de que ia fazer uma boa temporada, mesmo antes de começar a pré-época. Treinei para isso, mantive-me focado no meu físico e nos meus trabalhos, mas, sinceramente, não estava a contar que a meio já tivesse estes números e que pudesse ajudar a equipa tantas vezes.
Seria difícil pedir melhor, já que a equipa lidera a Série A e o Tamble é o melhor marcador?
-Sim, seria difícil. Tenho dois objetivos, um pessoal e outro coletivo. Desde que estou na Liga 3 não disputei nenhuma fase de subida, tanto no Anadia como no S. João de Ver. Estamos perto de o conseguir e sinto que estou prestes a atingir isso. O outro é no final da época tentar alcançar outro patamar, seja no Felgueiras ou noutro clube. Mas como os jogos estão a correr-me bem, passei a ter um terceiro objetivo, que é terminar como melhor marcador.
Que avaliação faz ao desempenho da equipa, acha que são um dos mais fortes candidatos a subir?
-Se dissesse que não, estaria a mentir. Somos um forte candidato. Temos uma boa equipa, que trabalha muito jogo após jogo, mas sabemos que vamos ter de trabalhar muito para atingir isso. É sempre difícil conquistar os três pontos e se chegarmos à fase de subida, vão estar lá muito boas equipas, mas é claro que somos fortes candidatos. Esta época ainda só perdemos duas vezes. Foi com o Anadia, com o primeiro golo a surgir de um penálti inexistente, e com o Trofense, num jogo atípico, em que tivemos uma expulsão. Mas sempre que tivemos resultados menos positivos demos uma boa resposta logo a seguir e mostrámos porque estamos em primeiro, pois temos uma boa equipa.
Além de si, quem mais se destaca no plantel?
-Seria injusto estar a dizer nomes porque iria esquecer-me de alguém. Estamos em primeiro porque temos um plantel muito profundo. Aqui não há titulares, mesmo os que entram são importantes e a prova disso é que muitos jogos foram decididos por jogadores que saíram do banco. Nos treinos há muita competitividade e por vezes não sabemos quem vai jogar.
Este é o seu terceiro ano na Liga 3 e todos com sensações distintas...
-No Anadia, estreei-me no Campeonato de Portugal e ficámos a um ponto de subir para a II Liga, na altura subiu o Trofense. Depois fomos para a Liga 3 e senti que fui importante na fase de manutenção. Já no S. João de Ver tínhamos uma boa equipa, mas as coisas não nos correram bem, tive uma lesão grave [sete meses parado] e acabámos por descer, que é das piores sensações no futebol. No Felgueiras, para já, está tudo a correr bem e sinto que coisas boas estão para vir.
Por que motivos escolheu este clube para prosseguir a carreira?
-Na altura tinha outras opções de Liga 3, mas o treinador, o Agostinho Bento, ligou-me. Falou comigo e senti que seria importante para ajudar a equipa a conseguir atingir os objetivos. Ainda por cima vinha de uma lesão, sofrida, curiosamente, contra o Felgueiras, e as palavras dele deram-me confiança e pesaram na decisão. Tenho evoluído muito este ano, principalmente ao nível da finalização e a segurar bola de costas para a baliza.
Além do Felgueiras, quem vê como candidato a disputar a fase de subida?
-Na zona norte vejo o Lourosa. Para as restantes vagas, depois desta jornada, ficou tudo muito embrulhado. Talvez ainda haja alguma surpresa, e mesmo nós não estamos garantidos. Na zona sul, aposto no Covilhã e na Académica, mas também aí há muito equilíbrio, o que é mais um claro sinal de qualidade.
Com grande parte da formação feita na Académica, Tamble Monteiro guarda boas recordações desse período, pelo que deseja ver a Briosa, com o Felgueiras, na fase de subida. “Foi o clube onde cresci, sempre os acompanhei e estive lá sete anos. Por isso, gostava muito de os encontrar na fase de subida e que chegassem aos escalões profissionais”, conta o avançado a O JOGO, apontando o Eirense como outro clube marcante na carreira. “Houve uma altura em que a Académica foi buscar avançados ao FC Porto, Sporting e Benfica, e mudei para o Eirense para voltar a renascer”, recorda, revelando ter Beto, do Everton, como referência: “É um jogador que admiro porque me identifico com o seu percurso, com passado no distrital e nas divisões secundárias, brilhando agora em Itália e Inglaterra.”