Diferença de encaixes com vendas de jogadores que estiveram na Supertaça de 2020 é superior a 80 M€
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Três anos depois do último duelo entre Benfica e FC Porto na Supertaça, dragões e águias vão dar, esta quarta-feira (20h45), o pontapé de saída oficial na época 2023/24, no encontro que vai decidir o primeiro troféu da temporada.
Em 2020, num jogo disputado no frio de dezembro e com o Estádio Municipal de Aveiro - o mesmo palco deste ano - vazio, fruto do contexto de pandemia covid-19, a noite teve tons de azul e branco. Sérgio Oliveira e Luis Díaz marcaram os golos da vitória (2-0) sobre o rival encarnado, dois jogadores que, entretanto, rumaram a novas paragens, como tantos outros intervenientes dessa final.
Muito mudou nas duas equipas desde então, mas, olhando para a ficha da partida, há uma conclusão clara a retirar: a estabilidade está do lado portista. Isto porque dos 36 nomes inscritos nessa ficha de jogo (18 para cada lado), sobram 12 resistentes, nove no FC Porto e apenas três no Benfica.
Nos dragões, quatro elementos do lote de nove foram titulares, três deles ainda hoje figuras incontornáveis às ordens de Sérgio Conceição: Pepe, Otávio e Taremi. Zaidu foi o outro integrante da equipa inicial e, amanhã, é altamente provável que o quarteto repita a titularidade. Do banco, saíram ainda Grujic, Baró e Toni Martínez, ao contrário de Diogo Costa - entretanto "adicionado" à espinha dorsal da equipa - e João Mário. No contingente bem mais reduzido das águias, os três "resistentes" foram opções iniciais em 2020 e é bem possível que voltem a sê-lo: Vlachodimos, Otamendi e Rafa. Os outros 16 nomes já deixaram a Luz, com alguns a proporcionarem encaixe financeiro significativo.
O facto de contar com mais jogadores com mais anos de casa não significa, por si só, que o FC Porto vá entrar com vantagem no clássico de amanhã. Basta lembrar, aliás, que é o Benfica quem chega a esta Supertaça na qualidade de campeão nacional. Contudo, pondo em cima da mesa o fator psicológico, os dragões contam com nove jogadores nas fileiras que sabem o que é vencer o rival nesta prova de um jogo só, na qual são reis e senhores. O FC Porto, recorde-se, têm 23 Supertaças no palmarés, enquanto o Benfica soma oito. E Conceição quererá dilatar a conta, com Roger Schmidt em busca da primeira, do outro lado da barricada. Aí reside outro dado curioso em relação à edição de 2020: no banco portista já estava Sérgio, que arranca agora para a sétima temporada no leme. No banco benfiquista, mandava Jorge Jesus. Schmidt, recorde-se, só chegou no arranque da temporada transata, substituindo Nélson Veríssimo, que, por sua vez, havia rendido Jesus após a saída da Luz do agora treinador do Al Hilal, em dezembro de 2021.
Águias arrasam nos milhões
Se o FC Porto mantém um contingente bem mais alargado de jogadores que estiveram na Supertaça de 2020, o Benfica pode dizer que encheu os cofres à conta dos 15 que saíram ao longo dos últimos três anos. Ou, pelo menos, com parte deles. Olhando para o encaixe financeiro realizado com vendas de nomes que estiveram na ficha de jogo da final de 2020, as águias detêm larga vantagem sobre o rival azul e branco: a receita ascende aos 143,6 milhões de euros (M€), mais do dobro da que o FC Porto garantiu (61,5 M€).
O caso mais gritante é o de Darwin Núñez. Titular no duelo com os portistas em Aveiro, o avançado uruguaio foi vendido ao Liverpool no verão de 2022, a troco de 80 M€. Há, depois, transferências menos vistosas, mas igualmente significativas nas contas finais: Pedrinho (18 M€), Everton Cebolinha (14 M€), Waldschmidt (12 M€) Nuno Tavares (8 M€), Weigl (7,1 M€), Gilberto (2,5 M€) e Diogo Gonçalves (2 M€). Vertonghen, Grimaldo, Taarabt, Helton Leite, Jardel, Samaris e Seferovic saíram a custo zero.
No FC Porto, além de terem sido transferidos menos jogadores do que no Benfica, houve vendas menos avultadas e saídas de peças importantes em fim de contrato, casos de Manafá, Mbemba, Uribe e Marega. No que toca a milhões faturados, Luis Díaz (Liverpool, como Darwin) é líder destacado. Entre valor fixo e objetivos, o colombiano já rendeu 47 M€ aos dragões. Diogo Leite (7,5 M€), Corona (3 M€), Sérgio Oliveira (3 M€) e Marchesín (1 M€) foram as outras fontes de receita. Tudo isto, recorde-se, contabilizando apenas os atletas inscritos na ficha de jogo da Supertaça de 2020.