Camisola 10 jogou a extremo-esquerdo pela Ucrânia e apresentou argumentos para concorrer pelo lugar. Em boa fase, com dois golos e duas assistências em seis jogos na Luz, o internacional norueguês está à beira do desafio 50 à Benfica. Deve atuar com o Santa Clara, mas o reforço está à espreita.
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Novo camisola 10 da Luz, Sudakov chega como médio-ofensivo, mas com a capacidade, como o próprio destacou na apresentação, de atuar em várias posições. E, apesar de abalado psicologicamente após o ataque ao seu apartamento em Kiev, demonstrou essa versatilidade pela Ucrânia, atuando como extremo-esquerdo – faturou até um golo ao sair do flanco e atacando o espaço no interior da área, numa movimentação que agrada a Bruno Lage.
Reforço de peso, pelos 27 M€ que o Benfica terá obrigatoriamente de investir na sua contratação, Sudakov apresenta-se assim como concorrente também para o lugar de Schjelderup, que tem sido o dono da posição à esquerda na liga, com três titularidades em três jogos. A saída de Akturkoglu aumenta o espaço do internacional norueguês, mas há agora nova concorrência, com as chegadas do internacional ucraniano e de Lukebakio (ainda a recuperar de lesão). O ex-Sevilha, canhoto, joga preferencialmente pela direita, mas também pode atuar pela esquerda. Ainda assim, tem feito mais estragos na carreira como extremo-direito e procurando zonas interiores. Algo que Bruno Lage tem implementado precisamente na Luz com os extremos: à direita Di María foi a principal opção, ganhando destaque ao destro Prestianni, enquanto na esquerda as várias soluções utilizadas foram habitualmente de pé direito, casos de Schjelderup, Akturkoglu (transferido) e Bruma (lesionado). Mesmo sem ser extremo de origem, Sudakov pode, a partir da esquerda, aparecer ao meio a criar desequilíbrios, abrindo até espaço para o lateral-esquerdo subir, precisamente como fez pela Ucrânia ante o Azerbaijão.
Com dois golos e duas assistências em seis jogos no arranque pelo Benfica, Schjelderup está à beira do jogo 50 pelas águias, que deverá completar amanhã diante do Santa Clara, mas sabe que a concorrência pelo lugar é forte. Até porque Sudakov assume que não é um problema atuar à esquerda, a posição favorita do camisola 21. “A posição não me faz diferença. Joguei na esquerda, mas sempre a movimentar-me para o meio, com o Zinchenko a subir no terreno e o Ocheretko também no centro. Os três estávamos sempre a mudar. Entendemo-nos bem e não tenho problemas”, afirmou no final do empate da Ucrânia (1-1) com o Azerbaijão, no qual adiantou a sua seleção no marcador com o quarto golo em 31 internacionalizações.
Sudakov foi a jogo, mas não esconde o momento delicado que vive, na sequência do bombardeamento por parte da Rússia a Kiev, que atingiu o prédio onde tem o seu apartamento, com a mulher (grávida), a filha e a mãe presentes no local. “Claro que é psicologicamente difícil. Preocupas-te com a tua família. Agora a minha mulher e a minha filha mudaram-se para a casa dos pais dela. Viram as fotografias, atingiu o 15.º andar, nesse momento a minha família estava no nono andar. Tudo está em escombros, há muitos carros destruídos, muitos apartamentos ficaram sem janelas. A minha família agora não está lá, por isso agora não sei”, referiu, em entrevista ao canal de Tik Tok Megogo.
Preocupado com a situação familiar, o ex-Shakhtar apresenta-se agora às ordens de Bruno Lage à procura de conquistar o seu espaço, ainda que sem a motivação em alta apesar do golo, face ao empate com o Azerbaijão, uma desilusão na luta por uma vaga no Mundial’2026, após o desaire com a França na primeira jornada. “Claro que estamos todos desapontados. Sabemos que devíamos ter conquistado os três pontos. Queríamos mais, não resultou. Vamos analisar este jogo. Primeiro do que tudo, todos devem fazer a sua análise sobre a sua exibição pela seleção nacional e apresentar-se na próxima concentração com uma qualidade e atitude completamente diferentes”, referiu.