Neil Simpson, antigo médio do melhor Aberdeen em termos europeus, com Alex Ferguson ao leme, olha para a questão física como um ponto de "enorme" equilíbrio com os leões.
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Destemido nas palavras expressivamente comprovadas pela chamada de vídeo com O JOGO, Neil Simpson manteve-se fiel ao espírito competitivo do seu grande Aberdeen do início da década de 80, outrora treinado por Sir Alex Ferguson - numa equipa onde o antigo médio partilhou o balneário com figuras míticas do futebol escocês como Gordan Strachan ou Alex McLeish - e que enfrentou o FC Porto na Taça das Taças de 1983/84, em que os azuis e brancos foram finalistas vencidos perante a Juventus de Platini, deixando claro que hoje os Dons "têm uma oportunidade histórica de voltar a bater um dos grandes clubes da Europa".
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Ele que ergueu em termos europeus uma Taça das Taças e uma Supertaça Europeia com as cores do clube.
O responsável pela formação do Aberdeen nos dias que correm disparou de pronto quando percebeu que o tema Sporting tinha de entrar na conversa. "Quantos jogadores é que o Sporting tem? Quantos é que não tem da equipa inicial?", atirou, ao que respondemos com os nove elementos ausentes, poucos são titulares, além, claro, do treinador Rúben Amorim. "Então têm poucos jogadores importantes de fora... foram testados à covid-19 ontem [quarta-feira]? Bom, mesmo assim conseguem ter uma boa equipa", frisou, apontando o principal problema leonino e que será uma das armas escocesas.
"O Aberdeen tem a vantagem de contar com oito jogos nas pernas. É preciso ter jogo, toque de bola..."
"Não jogam desde 9 de setembro? Essa questão tem uma importância enorme! O Aberdeen quando jogou a primeira ronda a UEFA, mesmo com uma equipa mais fraca, apenas depois de três semanas de preparação, teve muitas dificuldades em termos físicos. Este ano o Aberdeen tem a vantagem de contar com oito jogos nas pernas. É preciso ter jogo, ter toque na bola em competição", defendeu, acrescentando: "Gosto da ideia de a eliminatória decidir-se em apenas um jogo. É uma final! Tudo pode acontecer num só jogo e isso dá ao Aberdeen a oportunidade de seguir em frente. Em dois jogos, é mais complicado. O Aberdeen pode seguir em frente!"
E nem a saída confirmada do defesa-central internacional escocês Scott McKenna retira-lhe a confiança e ambição de um triunfo em Alvalade. "É verdade que perdemos o Scott McKenna, mas o Aberdeen contratou McCrorie ao Glasgow Rangers, é um bom jogador para o lugar. É um jovem que tem potencial para ser internacional e foi uma excelente contratação. Temos uma equipa jovem. Claro que sem McKenna será muito complicado, mas a equipa dá tudo em campo", lembrou.
Dinheiro baralhou tudo na Escócia
O futebol escocês está longe do fulgor de outros tempos, dos anos 60, 70 e 80, e Neil Simpson explica tal facto com a questão financeira, que "baralhou tudo".
Lamento: pressão financeira tirou competitividade ao futebol escocês, que segue modelo português
"Em 1983/84, o Aberdeen tinha 11 jogadores escoceses, o FC Porto 11 portugueses. Hoje em dia é impossível, as questões financeiras vieram ao de cima. Não conseguimos sustentar a equipa, apenas uma época. Estão sempre a chegar novos jogadores, diferentes nacionalidades. É complicado. O futebol escocês está a tentar formar cada vez mais, temos mais jogadores a sair, mais jovens, creio que temos vindo a evoluir, olhando para exemplos como Portugal, através de estágios e programas de formação. Vamos conseguir formar mais jogadores", asseverou, vendo Portugal como um modelo nessa matéria: "A Federação Escocesa tem vindo a olhar para Portugal, para o Benfica e Sporting, treinadores têm ido aí para ver o processo. Estamos a trabalhar para termos boas práticas."