Sporting-Braga na final da Taça da Liga: um encontro inevitável para desempatar as contas
A 14.ª edição da Taça da Liga oferece uma final inédita, até nas circunstâncias em que será disputada, sem adeptos nas bancadas. Rúben Amorim e Carvalhal jogam para o desempate no currículo dos clubes
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Era uma vez um troféu mal-amado. Ninguém diria, ao recordar as emoções das conquistas e dos revezes, porém, a história da Taça da Liga poderia começar assim.
O troféu criado pelo futebol profissional, em 2007/08, para valorizar esta atividade económica e sistematicamente desprezado pelos protagonistas - após uma das últimas meias-finais, Rúben Amorim e Sérgio Conceição nem se dignaram a dar satisfações aos adeptos e boicotaram a conferência de imprensa - vai na 14.ª edição desse exercício de resistir e de se entranhar na ambição dos adeptos, que têm esta noite, servido em versão futebol de sofá, um encontro inevitável de clubes que estiveram nas quatro finais anteriores.
Sporting e Braga partem para a final empatados nas vitórias em finais da Taça da Liga. Ambos fizeram a festa por duas vezes, os leões em 17/18 e 18/19 e os da Pedreira em 12/13 e 19/20
Sporting e Braga nunca se cruzaram neste patamar que junta os emblemas num momento de elevadíssima expectativa: a equipa de Rúben Amorim na liderança do campeonato e a de Carlos Carvalhal de dentes cerrados nas várias frentes em que se multiplica para consolidar o crescimento que lhe permite, cada vez mais, ser vista como a quarta entre as grandes.
A final servirá para o desempate nas contas dos vencedores do troféu de que o Benfica tem uma coleção - sete em 13 atribuídos, correspondentes a todas as finais disputadas. Ambos venceram duas finais, o Sporting em 2017/18 e 2018/19 e o Braga em 2012/13 e 2019/20, e conheceram momentos ingratos que também se colaram à história da prova, a começar pelo Sporting, surpreendido pelo Vitória de Setúbal de Carlos Carvalhal na primeira edição.
Carlos Carvalhal ganhou a primeira edição do troféu e Rúben Amorim a última - e meia dúzia como médio
Mais à frente, em 2013/14, Sporting e FC Porto chegaram à última jornada da fase de grupos empatados, os dragões com mais um golo; em Penafiel, os leões venceram e no Dragão, onde o jogo terminou uns minutos mais tarde, um golo de Josué, nos descontos, derrotou o Marítimo (3-2) e eliminou o Sporting.
O Braga também tem cicatrizes da Taça da Liga, como a final perdida para o Moreirense de Augusto Inácio (2016/17), no Estádio do Algarve ou o ingrato caminho para o troféu conquistado no ano passado, o último dos três em que a Liga elegera a Pedreira como palco para a final a quatro: foi lá que o Sporting fez a festa em épocas consecutivas, com Jorge Jesus ao leme e a segunda delas depois de eliminar os donos da casa na meia-final, um golpe duríssimo no ego de um projeto que reclama títulos para consolidar a afirmação no topo.
Rúben Amorim curou essa ferida, na época passada, antes de a discussão se mudar para Leiria, uma conquista celebrada à custa de outro protagonista do lado dramático da Taça da Liga, o FC Porto, o mais cotado dos clubes portugueses (14.º no ranking da UEFA), que quase década e meia depois ainda não conseguiu vencer o troféu. Nesta edição, foi a última vítima de Rúben Amorim.
Pedro Gonçalves e Ricardo Horta arrasadores
No duelo pelo cobiçado troféu da Taça da Liga, os holofotes vão apontar para dois jogadores que, ao longo da temporada, têm sido sinónimo de fiabilidade para as respetivas equipas: Pedro Gonçalves e Ricardo Horta.
Médio e extremo têm sido os mais influentes das respetivas equipas em golos e assistências
Contratado no passado defeso ao Famalicão, o internacional português sub-21 tem protagonizado uma brilhante época de estreia pelo Sporting, desempenhando, amiúde, o papel de salvador da pátria da equipa comandada por Rúben Amorim. Autor de 12 golos - um deles diante do Braga para a Liga - e três assistências em 17 encontros disputados, Pote teve ação direta em 31,91% dos golos leoninos, registo impressionante para um médio.
Do outro lado da barricada, Ricardo Horta tem dado continuidade a um nível bastante alto que já vem da última época e teve "dedo" em 26,78% dos golos marcados esta época por um Braga que almeja à segunda Taça da Liga do seu currículo. Os nove golos atestam a sua capacidade de visar as balizas adversárias, mas as seis assistências também mostram talento a servir os colegas. Curiosamente foi após dois cruzamentos da sua autoria que Abel Ruiz e Tormena lançaram o Braga para a final no 2-1 frente ao Benfica.