Minoria dos 1352 sócios votantes em AG, mas com maior número de votos, serviu para aprovar o orçamento do clube para 2019/20, numa noite em que o presidente verde e branco foi apelidado de "ditador"
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O Sporting viveu ontem mais uma assembleia geral polémica, acesa e tensa, com o presidente Frederico Varandas a ser o principal alvo dos sócios na reunião magna que teve lugar no Pavilhão João Rocha.
Apesar de ter sido "apertado" pelos adeptos, que em repetidas ocasiões exigiram a sua demissão - com cânticos dentro do recinto e tarjas fora dele -, a aprovação do único ponto em agenda, a votação das contas do clube para a temporada 2019/20, acabou por atenuar o sentimento global que transpirou dentro da sala, de forte contestação.
Votaram 1352 sócios, representando 7431 votos. E tal como sucedeu na AG eleitoral que serviu para empossar Frederico Varandas há pouco mais de um ano, este voltou a sair "vencedor" graças aos sócios com mais antiguidade e, como tal, com maior número de votos: 52,95% dos votos (3935) foram a favor da aprovação do orçamento, mas em representação apenas de 596 afiliados do total de 1352 votantes (votaram contra 756 sócios, com 3496 votos, 47,05% do total).
A SAD leonina anunciou na véspera a reestruturação financeira que suscitou o atear do fogo ainda antes de a AG começar, através do sócio José Pedro Rodrigues (ver caixa). As chamas propagaram-se e a contestação a Varandas agravou-se quando um grupo de adeptos começou a chamar-lhe "ditador".
Sousa Cintra, ex-presidente do clube e da Comissão de Gestão, também foi visado e acabou por não conseguir usar da palavra. No entanto, à saída do pavilhão mostrou estar ao lado dos contestatários e sustentou a grave acusação, afirmando que o presidente age de acordo com a expressão "quero, posso e mando".
Frederico Varandas terminou a intervenção muito exaltado a dizer que não fora ele quem expulsara Bruno de Carvalho, mas sim os sócios, deixando o púlpito a mandar beijos para a bancada enquanto era assobiado. À saída do pavilhão, os jornalistas perguntaram-lhe se tinha condições para prosseguir no cargo, após mais um cartão amarelo dado pelos sócios, e este considerou a pergunta "ridícula". Rogério Alves foi mais diplomático e apelou à reflexão: "Compete ao Conselho Diretivo analisar estes resultados.
Tivemos cerca de 1300 sócios e temos um universo muito mais vasto. A divisão do clube, a nível de manifestações de descontentamento, nós vemos. O que vai levar a reboque é o sucesso das modalidades, do futebol, o financeiro, o crescimento da marca... Interessa que sejamos capazes de o fazer. O sucesso e a competência podem vir a corrigir isso. Acredito que o trajeto está a ser bem feito. Na minha opinião, esta Direção tem condições para continuar. Mesmo que o relatório e contas fosse chumbado, não estava em causa o referendo da Direção. Há outras formas para isso, mas não há nenhum sinal ou vestígio de que vá acontecer."
Reestruturação financeira "negada"
A reestruturação financeira apresentada pelo Sporting foi negada por José Pedro Rodrigues, sócio que integrou as listas de Madeira Rodrigues nas eleições à presidência do clube. Em carta enviada à CMVM, o associado garante que "pessoas próximas das instituições bancárias negam a existência de quaisquer novos acordos". "Importa esclarecer a verdade pois, a confirmar-se a falsidade da informação difundida pelo Sporting, tal constituirá crime punível por lei", atirou, numa consideração que fonte oficial do clube vê como "lamentável e absurda".
Sousa Cintra argumenta que
o presidente "não tem jeito"
Visivelmente emocionado à saída de uma AG em que foi impedido de falar, Sousa Cintra não poupou nas críticas a Varandas: "Não respeita minimamente os sócios, não tem jeito para ser presidente e parece que ele é o dono da quinta. Que tenha o maior sucesso e também o Silas, e gostaria que os sportinguistas estivessem unidos. Mas para isso é preciso que o presidente dê essa palavra de união."
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