VELUDO AZUL - Um artigo de opinião de Miguel Guedes
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As competições terminaram e todas as definições estão despachadas a assinatura, ponto final, parágrafo.
Poucos são os clubes que não sabem as linhas com que irão traçar a próxima época e, como tal, é tempo de arrumar as decisões para o próximo quadro competitivo. Se subsistem dúvidas sobre o modelo de investimento dos clubes que terão que enfrentar pré-eliminatórias ou play-off"s no início de época, já FC Porto e Sporting, por exemplo, nada têm a temer senão o acerto das suas próprias decisões.
É imperioso preparar a casa e fazer opções de fundo porque, com tudo já definido, nenhuma razão existe para adiar. Se, no caso do Sporting, a aposta será na continuidade de Rúben Amorim e na manutenção do maior número possível de jogadores que integraram a coluna vertebral do leão, já o dossier da manutenção de Sérgio Conceição no FC Porto, à luz de muitos analistas, teve tantas fases como a lua. Suponho que, esta semana e com a Super Lua do Nápoles bem lá para trás, esta seja a fase do quarto crescente que desenlace em Lua cheia.
O técnico da única equipa que derrotou o campeão europeu deve ficar. Essa seria a notícia que a esmagadora maioria dos adeptos do FC Porto gostaria de ouvir. Sérgio Conceição sabe-o bem e o presidente Pinto da Costa, pleno de sagacidade e experiência, não o desconhece e acredito que o deseje. Não tenho dúvidas de que Sérgio Conceição, a sair, preferiria deixar o clube campeão e não com apenas uma Supertaça Cândido de Oliveira no bolso da época. O que falta então para a consumação de algo que as partes desejam, entendem por boa e que encontra respaldo na maioria dos adeptos? Agora que os lugares europeus estão definidos, só a dimensão e os limites do poder interno podem ser aquilo que separa Sérgio Conceição da renovação. A outra teoria vai por conta da ocupação: com o Estádio do Dragão ocupado pela invasão inglesa e pela coorganização da final da Liga dos Campeões, só a partir de amanhã se poderá anunciar algo que já esteja eventualmente definido. Certo é que se há segredo e se é dos deuses, eles chamam-se Costa e Conceição.
Se Sérgio Conceição avançar para o quinto ano de um contrato de seis, não se espera uma ruptura epistemológica. A tensão do jogo do FC Porto continuará a ser a da entrega, a de antes quebrar que torcer, a do toque a reunir e a dos dentes cerrados, a da verticalidade e da luta pela recuperação e reposicionamento após a perda da bola. Com qualidade e selo europeu. Mas se recuperar o equilíbrio defensivo que se viu algo perdido na época que agora findou, mais do que a reacção à perda, este poderá ser o ano em que o jogo se conseguirá elevar a outro patamar. Partir para outra. Não se trata de ingratidão, porque há jogadores que dão tudo e Marega deu muitíssimo. Trata-se de reconhecer que Marega era e é um jogador excepcional em todos os sentidos. E que se poderemos vir a sentir a sua falta algumas vezes, também espero vir a ser confrontado com a forma como nos condenava, sem contemplações, a um tipo de jogo e a umas quantas variações do mesmo. Sou eu o único adepto ansioso para ver o que Sérgio Conceição fará com uma equipa com 11 jogadores em detrimento de uma equipa de 10 jogadores com o jogador Marega?