João Daniel, jogador da Sanjoanense, fez um dos golos do triunfo sobre o Vilaverdense (2-1) e assume que a equipa está bem melhor nesta fase
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João Daniel reforçou o emblema de S. João da Madeira no mercado de inverno e ao quinto jogo estreou-se a marcar. Aos 22 anos, o médio internacional jovem por Portugal já passou por grandes clubes, como o Sevilha e o Sporting, e agora deseja relançar a carreira na Liga 3.
Quatro meses depois, a Sanjoanense voltou a vencer. Qual foi a sensação que se viveu no balneário?
-Foi uma sensação muito boa. Já há algum tempo que estávamos à procura disto e já merecíamos. Vimos de uma boa dinâmica, temos vindo a ser superiores nos últimos jogos, mas a vitória não aparecia. Finalmente, conseguimos ganhar e vai ser bom, pois estaremos mais motivados nos próximos jogos.
A última vitória também tinha sido contra o Vilaverdense. Qual foi a chave?
-A chave foi sermos uma equipa. Em muitos jogos aconteceu estarmos por cima e a equipa ir abaixo. Contra o Vilaverdense, estivemos a ganhar 2-0 e, no momento em que eles fazem o 2-1, começou a haver dúvidas, alguma desconfiança por causa do momento que estávamos a passar, mas conseguimos ser uma equipa até ao fim e aguentar o resultado. Mesmo estando com menos um jogador algum tempo, esse foi o segredo e é o que temos de levar daqui para a frente.
Já não festejava um golo há quase três anos. Como foi esse momento?
-É sempre bom marcar. Em Espanha não consegui fazer nenhum golo, mas é sempre especial voltar a Portugal, num novo clube como a Sanjoanense, do qual estou a gostar muito. As pessoas acolheram-me muito bem. É sempre bom ter a família na bancada, ver os meus pais felizes e espero continuar a contribuir com mais golos.
Apesar dos resultados negativos, a equipa só perdeu uma vez nesta fase de permanência…
-Sem dúvida. Todos os jogos são superdisputados. Muitas vezes fomos superiores e, mesmo no jogo em que perdemos contra o Trofense, fizemos uma primeira parte muito boa, em que podíamos estar a ganhar. Na segunda caímos um bocado, mas mesmo assim tivemos oportunidades e o jogo podia ter caído para nós.
Só chegou no mercado de inverno. Por que motivos aceitou este desafio?
-Tive uns problemas pessoais, que também não quero abordar, mas que me potenciaram e deram-me outras coisas. Aceitei este projeto por ser um clube centenário, com uma massa adepta muito grande. As pessoas vão ver os jogos e sentes-te jogador. O clube também demonstrou muito interesse em mim e espero ajudar a Sanjoanense a manter-se na Liga 3.
Já conhecia alguém?
-Conhecia o Kiko Félix dos tempos do Sporting. Falou comigo, disse que era um grupo muito bom e jogava bem à bola. É uma equipa que vai de encontro às minhas características. Havia uma lacuna aqui ou ali, mas nesta fase de manutenção estamos bem melhores e mais competitivos. Apesar de ainda estarmos numa posição que não queremos, acredito cegamente que vamos conseguir salvar-nos e manter o clube na Liga 3, onde merece estar.
Como tem sido trabalhar com o técnico argentino Juan Cruz?
-Pessoalmente estou a gostar muito. Acho que veio dar à equipa aquilo que faltava, mais garra, espírito de sacrifício e é o que estamos a ter. Todos os jogos vamos até ao fim e os adversários nunca têm a vida facilitada. É um treinador que tem apostado em mim e identifico-me com a maneira de ele trabalhar.
Jogou as últimas duas épocas em Espanha, que balanço faz da experiência no Sevilha B?
-Foi uma experiência muito boa, num clube gigante como o Sevilha. Tive alguns azares na primeira época quando as coisas estavam a correr bem. Estava a jogar e acabei por me lesionar e falhei o resto da época. Na segunda, mesmo não tendo tanto contributo, fiz 16 jogos, mas não muitos minutos. Fomos campeões e subimos de divisão. Treinei várias vezes com a equipa principal, com jogadores como Rakitic, Sergio Ramos e Jesús Navas.
E que recordações tem do Sporting?
-A minha vida foi quase toda passada lá. Fui viver para Lisboa com 13 anos e fiquei lá até aos 20. Os meus melhores amigos, hoje em dia, são jogadores com que joguei. Tiago Tomás, Eduardo Quaresma, Nuno Mendes, etc. Cresci lá e é um clube que me diz muito. Gosto de acompanhar o Sporting e gostava que fossem campeões. O Tiago Ferreira, que está no Estrela, também foi um jogador que me impressionou pelo seu trabalho.
Em termos de características, é parecido com algum médio?
-As pessoas comparam-me com o Sergio Busquets, é o meu ídolo. Mas não gosto muito de ser comparado. Gosto de ser conhecido como o João Daniel e não como o mini Busquets. Sou muito forte no passe, sou inteligente taticamente, melhorei no aspeto defensivo, em que não era tão forte, e agora sou mais agressivo.
Início nos rivais Varzim e Rio Ave antes dos leões e das seleções
Natural da Póvoa de Varzim, João Daniel começou a carreira nos poveiros, tendo também passado um ano pelo Rio Ave. “Cresci a jogar num pelado, onde dei os primeiros passos e era superfeliz. Depois, fui para o rival Rio Ave, onde também foi especial porque fiz uma grande época levei o futebol mais a sério, indo para o Sporting”, recordou o médio, de 22 anos, que é internacional sub-20 português e teve no Europeu sub-17, em 2019, um dos momentos mais memoráveis. “A seleção é o expoente máximo, é sempre muito marcante representar o país, cantar o hino. Cheguei a jogar o Europeu de sub-17, onde fiz todos os minutos e caímos nos quartos de final, contra a Itália”, revelou. “Vivi experiências incríveis com companheiros que jogam nas principais ligas e quero seguir esse caminho. Estou com muita confiança e acredito que posso chegar a esses patamares”, concluiu João Daniel.