As guardiãs do Benfica veem de perto a onda ofensiva encarnada (261 golos), mas têm estado prontas para atuar quando necessário. Todas já jogaram e a baliza segue inviolável.
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O Benfica assumiu desde a génese do projeto de futebol feminino a vontade de subir à primeira divisão e de vencer a Taça de Portugal logo em ano de estreia. Em 15 jogos, 13 para o campeonato, dois para a Taça de Portugal, os 261 golos marcados têm recebido o maior protagonismo. Ainda assim, se a eficiência do ataque dá uma média de 17 tentos por jogo, a baliza encarnada continua inviolável, com um pormenor distintivo: as três guardiãs já alinharam durante a temporada. "É difícil que a posição de guarda-redes tenha grande reconhecimento. Só se recordam os erros. Ainda para mais numa equipa que marca tantos golos, é muito bom estarem aqui para divulgarem o nosso trabalho", inicia em princípio de conversa com O JOGO a brasileira Dani Neuhaus, a mais utilizada (11 jogos). "A bola não vai lá muito, mas estamos a fazer história", assevera Carolina Vilão, ainda júnior, mas já chamada à titularidade em quatro ocasiões na equipa A. Catarina Bajanca, de 22 anos, disputou 11 minutos frente ao Ponte Frielas, e realça o feito: "É bastante bom não termos nenhum golo sofrido em janeiro. Nesse jogo fiz duas defesas e foi bom para a minha confiança. É claro que olham mais para o ataque, mas a equipa técnica tem enaltecido o nosso desempenho."
O Benfica derrotou o Sporting B por 10-0 na última jornada e o teste da 3.ª eliminatória da Taça de Portugal frente ao Marítimo, de dia 30, o primeiro oficial diante de equipas de primeira divisão, pode ser novo ameaço à marca, que dizem querer fazer durar: "Vão assinalar quando sofrermos o primeiro golo. Temos de manter a responsabilidade os 90 minutos. A bola passa muito tempo sem vir e os níveis de concentração têm de estar no topo. É mais difícil do que se tivéssemos muito trabalho", assevera Dani, antes de eleger a defesa frente ao Almeirim, entre a dezena que realizou esta época, como a melhor: "Levei um remate rasteiro, perto da minha cara... E tive de lá estar, mesmo sem ter defendido nada antes."
Dado o pouco trabalho, as guardiãs treinam na folga do restante plantel. "O Benfica domina 90% do jogo, mas temos de motivá-las para um pico de forma mental, porque de repente é preciso dizerem presente", refere o técnico de guarda-redes, Paulo Silva. Carolina corrobora: "Não há relaxamento no treino e atuamos sempre consoante a jogada."
Campeã brasileira projetou futuro
Dani Neuhaus foi uma das figuras do título nacional do Santos em 2017. Chegou a Portugal para a segunda divisão, mas com um olho na ascensão europeia. "Um dos meus sonhos era sair do Brasil. Aqui reconhecem-nos mais valor. Não fiquei de pé atrás porque sabia que o clube tinha objetivos futuros, que daqui a dois anos poderia estar na Liga dos Campeões, por exemplo. Pensei mais além", atira, relevando o desejo de voltar à seleção canarinha entre críticas: "A seleção não se guia só por merecimento. Quero ir, mas penso é em evoluir."
Promessas com perfis diferentes
Técnico Paulo Silva analisa o potencial das atletas. Carolina veio do rival Sporting. Catarina do Estoril, terceiro em 2018
bbb Se Dani, com 25 anos, é a titular maior da baliza encarnada, as duas concorrentes são portuguesas e ainda mais jovens. Carolina Vilão tem 18 anos e chegou do Sporting, enquanto Catarina Bajanca, de 22, veio do Estoril, onde foi esteio nas redes até ao terceiro lugar no campeonato. "Tenho noção da sorte de jogar num clube como o Benfica com a minha idade. Quero chegar à Seleção. Quanto a condições, estou feliz, tal como estava no Sporting", explica Vilão, vista pelo técnico de guarda-redes Paulo Silva como uma "promessa". "Catarina é mais experiente e muito jovem também", afirma o treinador. "Vivo uma realidade diferente, não jogo tanto, mas o Benfica permite-me ser profissional", garante Catarina Bajanca. Para Dani, há elogios estratosféricos: "É um monstro das balizas. Pertence ao top mundial", finaliza Paulo Silva.
Júlio, Oblak e Ederson são preferências
Desafiadas a escolherem os guardiões preferidos, houve unanimidade nos elogios aos três últimos "monstros" das balizas masculinas. "Gosto do Neuer [Bayern], mas elegeria o Ederson [Manchester City] pelo jogo de pés", diz Carolina Vilão. Para Catarina Bajanca, Neuer perdeu protagonismo para Oblak [Atlético de Madrid], já Dani revela a admiração pelo Imperador: "Júlio César [na foto] sempre foi um ídolo. É muito determinado e voltava mais forte das críticas e das lesões. Uma das realizações foi tirar uma foto com ele, quando foi com o Benfica jogar contra o Santos."