Avançado completa esta segunda-feira cinco anos desde que se estreou a marcar em Portugal. Não há outro jogador no país que tenha faturado tanto neste período por clubes nacionais.
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A fábrica de golos de Tiquinho Soares começou a produzir faz esta segunda-feira precisamente cinco anos e, durante este período temporal, não se encontra outro jogador ainda a atuar em Portugal que tenha faturado tanto como o brasileiro.
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Já se contam 86 remates certeiros desde que, a 20 de abril de 2015, num dérbi da Madeira, entre o Nacional e o Marítimo, o avançado fez de Salin a primeira das muitas vítimas que foi acumulando deste lado do Atlântico. O número é suficiente para superar o de Marega (83), um adversário daquela batalha dos Barreiros com quem se reuniria no V. Guimarães, primeiro, e no FC Porto, depois. Pizzi (Benfica), com 72 golos, completa o pódio deste ranking [ver infografia], que vem confirmar "o potencial" que Soares já demonstrava quando apontou os indicadores para o céu pela primeira vez. "Confesso que não me lembro muito bem do lance [ver fotolegenda], porque já passou algum tempo. Nem sequer sabia que tinha sido o primeiro guarda-redes a sofrer um golo dele. Mas a verdade é que o Tiquinho já mostrava ser um goleador em potência", conta a O JOGO Salin, que, curiosamente, não voltaria a ser batido pelo atacante até regressar ao país natal, para alinhar no Rennes.
São 86 os golos que Soares leva desde que chegou a Portugal: 61 pelo FC Porto, 16 pelo Nacional e nove pelo V. Guimarães
Soares chegou em janeiro de 2015 ao Nacional, proveniente do modesto Pelotas, e levou nove jogos até marcar pela primeira vez. A demora explica-se com a forte concorrência de Lucas João, que era o titular e nesse ano viria a ser chamado à Seleção Nacional, bem como a falta de alguns conceitos essenciais que, entretanto, o levaram a tornar-se num goleador consistente. "Era um jogador forte, vigoroso, com intuição, mas precisava de melhorar no plano técnico e, principalmente, no plano tático", recorda ao nosso jornal Manuel Machado, treinador que subscreveu a contratação do então atacante de 24 anos, depois de o ter visto em vídeo. "Aceitava sempre muito bem os ensinamentos que lhe fomos passando e, por isso, fez seis meses sempre a subir. Cresceu muito ao longo do tempo e na segunda época conseguiu captar a atenção de emblemas maiores", acrescentou Manuel Machado, numa alusão ao V. Guimarães, clube ao qual Tiquinho chegou em 2016 e pelo qual viria a juntar mais nove golos aos 16 que já transportava do Nacional.
32 clubes abatidos e 49 vítimas diferentes
Foi, portanto, já com 25 golos no currículo que Soares se transferiu, no final do mês de janeiro de 2017, da Cidade-Berço para o Dragão, despontando para o goleador que é hoje. Pelo caminho disparou de forma certeira por 61 vezes, em Portugal ou nas competições europeias, criando dores de cabeça constantes nas defesas e nos guarda-redes adversários, como António Filipe, que surge nesta história como a vítima mais frequente do brasileiro agora com 29 anos. "Essa é a estatística de que nenhum guarda-redes gosta", assegura a O JOGO o antigo guardião do Chaves, clube ao qual Soares marcou mais vezes na carreira (seis). "Procurámos sempre anular alguma coisa nos avançados, mas ele é muito forte, não dá uma bola como perdida, aparece muitas vezes nas costas do adversário e do nada faz um remate. Ainda por cima, o FC Porto estava numa boa fase e ele acabava por beneficiar desse volume ofensivo parar marcar muito", justifica o agora guarda-redes dos árabes do Al-Jabalain, destacando-lhe o facto de ser "um bom finalizador".
Essa virtude, de resto, fez com que Soares tenha marcado a 32 emblemas e a 49 guarda-redes diferentes. Makaridze, do V. Setúbal, foi o nome mais recente (1 de fevereiro deste ano) a entrar para a lista de vítimas de Tiquinho, um típico "jogador de último toque". "Para os adeptos pode não ter um jogo tão belo como o Corona ou o Brahimi, porque não é de tirar adversários do caminho, mas finaliza muito bem com os dois pés e com a cabeça quando é servido", elogia Manuel Machado. "É eficaz e faz aquilo que é mais importante no futebol: golos", acrescenta o treinador.
O contador vai, por enquanto, nos 86. Contudo, Tiquinho promete não ficar por aqui quando a bola voltar a rolar, seja lá quando o vírus permitir.