Joaquim Evangelista confrontou Pedro Proença sobre os consecutivos atrasos salariais e os registos de contratos, acusando o organismo de impedir o escrutínio regulamentar na AG da FPF. Para o presidente do Sindicato dos Jogadores, os clubes cumpridores estarão a ser prejudicados pelos emblemas que não pagam salários, também porque os regulamentos estão mais permissivos.
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Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores, está de candeias às avessas com o seu congénere da Liga, Pedro Proença, e mostrou-o durante a recente Assembleia Geral da Federação Portuguesa de Futebol, de que ambas as organizações são associadas: "Exige-se que não voltemos atrás nas conquistas que foram sendo alcançadas."
O dirigente sindical está preocupado com os sucessivos incumprimentos salariais de alguns clubes das competições profissionais, como aconteceu recentemente com o Boavista e Leixões. Esta insatisfação levou-o a confrontar Proença no sábado, a propósito de uma modificação regulamentar anterior que, entre outras coisas, impede o escrutínio das matérias em sede federativa.
Evangelista explicou a O JOGO que tentou chamar "a atenção" para a "alteração promovida pelos clubes das competições profissionais", que teve como finalidade "colocar o regime do controlo salarial no Regulamento de Competições, retirando-o do Regulamento Disciplinar, que permitia o escrutínio em sede de assembleia geral federativa".
Uma situação que lhe mereceu críticas, sobretudo no que toca ao controlo do pagamento dos salários, que deveria ser "demonstrado por comprovativo", mas que, agora, a Liga permite que haja "acordos de diferimento do pagamento de remunerações".
Desta forma, Evangelista acredita que está a acontecer um retrocesso em todo o trabalho feito até hoje: "Voltámos ao tempo em que o regulador assobiava para o lado quando os jogadores eram forçados a assinar declarações a confirmar a regularidade dos pagamentos, sem qualquer suporte contabilístico a confirmá-lo".
Neste momento, apesar de haver clubes com salários em atraso, os mesmos continuam a ter autorização para continuar a competir da mesma forma do que os que têm tudo regularizado: "É inaceitável."
As regras de registo de novos contratos também não satisfazem Evangelista. "A sanção de impedimento que devia ser a consequência do incumprimento acaba por ser ineficaz dada a quantidade de exceções introduzidas. As únicas sanções de impedimento eficazes resultam do cumprimento de decisões da FIFA e por aplicação dos regulamentos internacionais, o que é absolutamente lamentável."
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O poder de decisão dos clubes
Face aos pontos enumerados, o Sindicato dos Jogadores apresentou uma proposta para alterar os regulamentos quanto aos incumprimentos salariais e registos de novos contratos. Para tal, o presidente Joaquim Evangelista apelou à importância de as sociedades desportivas se fazerem ouvir na Assembleia Geral da Liga.
"Apelamos aos clubes, nomeadamente aos que nos contactam e solicitam a denúncia dos incumpridores, para que amanhã [hoje], em sede de AG da Liga, exijam um regulamento expurgado dos problemas identificados."