André Horta falou ao podcast "Pod: ser do Braga", numa conversa onde abordou a carreira e a relação com o irmão Ricardo.
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Ser campeão pelo Braga: "O meu braguismo é um amor que foi crescendo. Estou rodeado por pessoas que querem muito fazer o clube crescer. Gosto de desafios, sou muito competitivo. Seria mais marcante ser campeão pelo Braga do que pelo Benfica. Não digo que será melhor ou mais fantástico, mas será mais difícil."
Confortável: "Estou bem no Braga. Sinto-me em casa. O clube acolheu-me há quatro anos. Ainda estive um ano fora [nos EUA], mas foi como se tivesse continuado aqui porque os meus colegas mantiveram-me em todos os grupos de WhatsApp da equipa. Por outro lado, tinha uma relação muito próxima com o treinador [Abel Ferreira] e com o presidente António Salvador. Praticamente conversávamos todos os meses. E isso também facilitou o meu regresso."
Responsabilidade: "Esta é a minha terceira época seguida no clube e, fruto das mudanças que o plantel vai sofrendo, sinto que vou tendo um papel acrescido no balneário, de responsabilidade, no relacionamento com os jovens jogadores, incluindo os que vêm das equipas secundárias do clube. Temos que acolhê-los bem para que esses jogadores possam dar tudo o que podem à equipa porque nós precisamos deles."
O Braga em 2017: "Era difícil encontrar condições melhores porque vinha de um clube que tem as melhores. No entanto, encontrei em Braga algo que não estava à espera. Encontrei um centro de estágio novo, com todas as condições para a formação, e um estádio top. Encontrei um grupo muito unido, sem a diversidade que existia no Benfica, com jogadores provenientes de vários países. Havia portugueses e brasileiros. E há uma coisa muito boa nesta equipa: todas as semanas, almoçamos ou jantamos juntos, para fomentar o espírito de grupo. E isso depois resulta em vitórias."
Plantel luxuoso: "Não quero ferir suscetibilidades, mas quando cheguei o Braga tinha quase um plantel de luxo. O Abel Ferreira chegava a trocar 11 jogadores em determinados jogos. Isso é impensável em várias equipas da I Liga. Incluindo os três grandes. Havia dois jogadores de qualidade para cada posição. Fizemos uma grande época e, de forma inevitável, saíram depois jogadores. No ano em que eu saí, saíram também o Danilo e o Vukcevic. Saíram três dos quatro médios que existiam e, naturalmente, a equipa ressentiu-se."
Porto fora da rota: "Nunca saí de Braga. Ao Porto não vou, apesar de já me terem dito que é uma cidade linda. As pessoas do Norte são mais atenciosas. Sinto-me muito acarinhado aqui."
Assistências em vez de golos: "Fiz quatro golos e cinco assistências quando regressei dos Estados Unidos. Não sei porquê mas desliguei-me do golo. Preferia fazer umas 20 assistências numa época, e todas para o meu irmão."
Passagem pelos EUA, onde representou o Los Angeles FC entre 2018 e 2019: "Tive sempre gente comigo lá. Nunca estive sozinho. Quando lá cheguei, passadas três semanas, tive a companhia dos meus pais, de férias, durante três semanas, e depois tive a companhia de um amigo, a viver comigo, entre outros que iam lá visitar-me. Por outro lado, eu próprio regressava muitas vezes a Portugal por causa da seleção. Estava lá um mês e depois regressava. Houve alguma instabilidade nesse sentido, para além dos fusos horários. Depois tive a companhia de um outro amigo e da minha mãe durante 90 dias. E já no fim da época em Portugal também lá esteve o meu irmão, durante duas semanas. Por outro lado, conheci lá portugueses, incluindo a Iva Domingues, uma grande adepta do Braga. Encontrei lá três braguistas. Ainda hoje mantenho o contacto com essas pessoas."
Quase desviado pelo ténis: "Sou apaixonado por várias coisas, mas tudo relacionado com o desporto, tal como o meu irmão. Só duvidei de prosseguir no futebol quando tinha 11 ou 12 anos. Tinha começado a jogar ténis, por influência do nosso tio, e nós éramos bons. Nós tínhamos jeito para praticar quase todos os desportos e gostávamos. Só não ligávamos muito ao basquetebol. Em frente à nossa casa, havia um ringue e inscrevemo-nos em aulas de ténis, depois de termos aprendido algumas coisas, um ano antes, com o nosso tio. Ficámos com um nível avançado e começámos a participar em torneios, com o meu irmão a ganhar sempre. Ele era bom e, naturalmente, também fui derrotado por ele. Mas ele sempre teve como paixão o futebol. Eu hesitei porque tinha como ídolo o Rafael Nadal, ainda pensei em conciliar as duas modalidades. Só que isso tornou-se impossível. Nessa altura já estávamos no Benfica."
Ricardo Horta corre mais? "Temos características diferentes. Ele é capaz de ser um bocadinho mais rápido do que eu. Quando jogávamos juntos, com o mister Abel Ferreira e o mister Sá Pinto, ele não corria mais do que eu. Percebíamos isso através das medições do GPS. Só que ele parece um rato atómico."
Referências: "Rui Costa e Aimar eram as minhas referências".