Treinador insiste na importância das bolas paradas que favorecem os homens de trás. Um quarto dos golos são deles. Só entre 89 e 91, por culpa de Geraldão e Demol, é que faturaram mais.
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Os defesas do FC Porto já marcaram por 23 vezes esta temporada, mais do que os do Benfica e do Sporting juntos. Alex Telles é o "goleador" com 10 remates certeiros
A obsessão de Sérgio Conceição pelo aperfeiçoamento constante das bolas paradas - o quinto momento do futebol, também chamados de esquemas táticos - já garantiu 20 por cento dos 60 pontos conquistados pelo FC Porto no atual campeonato, mas também fez disparar o peso dos golos marcados por elementos do setor defensivo, que vão à área contraria tentar finalizar nos livres laterais e nos cantos.
A estes lances, acrescentem-se os penáltis convertidos por Alex Telles e chega-se a 23 golos assinados por defesas esta temporada. Tantos como em toda a temporada do último título conquistado e ainda há 11 jogos por disputar (incluindo a final da Taça de Portugal). São 25,8 por cento do total de 89 golos que a equipa leva em todas as provas.
Nenhuma outra equipa em Portugal se aproxima destes valores e na história do FC Porto é preciso recuar até ao início dos 90 para se encontrar uma defesa mais goleadora. Em duas temporadas houve dois elementos, como agora acontece com Alex Telles, a desequilibrarem a balança: Demol (89/90) e Geraldão (90/91). No ano do central belga, os defesas marcaram 30 dos 92 golos da equipa, ou seja 32,6 por cento, o que constitui um recorde na era de Pinto da Costa. Na campanha seguinte, porém, até há mais mais golos - 35, dos quais 14 foram assinados pelo central brasileiro - de elementos do setor recuado, mas com um peso menor (30,7%) na produção total.
Abra-se aqui um parêntesis para dizer que não há uma relação direta entre a quantidade de golos dos defesas e os títulos. Em 89/90, por exemplo, o FC Porto foi campeão, mas na época seguinte ficou em segundo lugar. Da mesma forma que nos dois anos em que o peso dos golos dos homens de trás foi menor (4,9%) também os resultados finais não foram iguais: terceiro posto em 01/02 com Otávio Machado e Mourinho no banco e campeão em 07/08, com Jesualdo Ferreira.
Desde então, nunca o FC Porto tinha conseguido um rendimento tão alto dos seus defesas. Como se pode ver na infografia, com a chegada de Sérgio Conceição a defesa passou a estar sempre de olho na baliza contrária, tendo disparado não só o número de golos como o peso deles na produção da equipa. Ainda na sexta-feira Luis Díaz dizia que uma das coisas que tinha aprendido desde que chegou ao FC Porto foi ser solidário em campo. "Todos têm que ajudar a defender e atacar", referiu, sublinhando uma das premissas que o treinador portista não abdica. Com 11 jogos até ao fim da temporada, estes recordes, tanto do total de golos, mas sobretudo do peso na produção global, ainda pode ser batidos.
Por cá, esta temporada só o Sporting tem conseguido um aproveitamento interessante ao nível dos golos dos seus defesas, mas o FC Porto tem quase tantos como todas as outras quatro equipas que se encontram imediatamente abaixo na classificação.
Alex Telles e Marcano são os principais goleadores
Nas quase três temporadas que Sérgio Conceição leva à frente do FC Porto, os elementos do setor defensivo marcaram 66 golos, o que perfaz praticamente um quinto de toda a produção da equipa nesse período. Alex Telles destaca-se como o melhor marcador entre os defesas, com 20 golos, metade dos quais conseguidos esta temporada. Segue-se Marcano com 13 remates/cabeamentos certeiros, sendo que o espanhol só participou em duas campanhas, visto que na época passada esteve ao serviço da Roma. A fechar o pódio, encontra-se Felipe, agora no Atlético de Madrid, com oito golos. Já agora, refira-se que na história do FC Porto apenas Geraldão (14) e Demol (12) fizeram mais golos numa época do que Alex Telles, mas este ainda tem 11 jogos para os ultrapassar.