Sérgio Conceição esteve em Itália a convite do jornal Tuttosport e não passou ao lado do que o filho Francisco Conceição está a fazer na Juventus. Aliás, o ingresso na “Vecchia Signora” partiu de um conselho seu.
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Convidado pelo jornal italiano Tuttosport a propósito da cerimónia de revelação dos candidatos ao prémio “Golden Boy” (ver ao lado), Sérgio Conceição desdobrou-se em entrevistas e falou de vários temas, incidindo sobre a forma como se trabalha um jogador quando chega ao futebol de primeira linha. “O jovem tem de compreender qual é a forma correta de estar no futebol moderno, o que se faz fora do campo conta muito. Como treinador do FC Porto, acompanhei os sub-17, os sub-19, a equipa B, e é possível criar jogadores de seleção. Para não falar dos que chegam de outros continentes; é preciso explicar-lhes que o futebol na Europa é diferente... Sei tudo sobre os meus jogadores, até o seu prato preferido; ter todos estes pormenores faz a diferença. As horas que dormem e não dormem, o que comem, que família têm... É preciso ser exigente consigo próprio, rigoroso. Há tanto trabalho que não se vê. É preciso ter paixão, a única coisa que nos faz aceitar todos os sacrifícios”, apontou Sérgio Conceição.
Na mesma linha de raciocínio, o ex-treinador do FC Porto deu o exemplo de Éder Militão. “Não tinha conhecimentos táticos, tecnicamente era muito forte e fisicamente era um monstro, mas não sabia o que fazer nem dentro nem fora do campo. Tivemos de fazer um trabalho específico para o tornar um negócio ao fim de um ano. Mostrámos-lhe em vídeo e depois no campo, espaço a espaço, treinos com uma linha defensiva compacta e curta, momentos de zona e momentos de pressão, agressividade... Quando ele entendeu que era um jogador inteligente, deu o salto. Se for dançar samba e comer picanha, então não pode jogar no Real Madrid. E ele está lá há seis anos”, disse, juntando ao tema que “o presidente do Porto sabia vender.”
O empréstimo de Francisco Conceição à Juventus não passou, naturalmente, ao lado da conversa. “Treinei o Francisco Conceição e o Rodrigo, que agora joga na Suíça. Tenho de ser justo, o Francisco não jogou seis meses comigo no FC Porto; precisava de continuidade, movimentação, corrida e organização, que são as coisas mais importantes para ter a bola nos pés. Ele precisava de ter essa consciência, de jogar na Europa, na Champions. Havia duas ou três grandes equipas para onde ele podia ir, aconselhei-o a ir para Itália, para um grande clube mundial como a Juventus, com todo o respeito e amor que tenho pela Lázio”, justificou Sérgio, avaliando depois a experiência do filho.
“Começou bem. É bom no um contra um, é forte tecnicamente e eu sabia que podia dar-se bem em Itália. Tem de acrescentar outras coisas: tem de ser humilde, ouvir o treinador e os colegas de equipa. Deve perguntar a si próprio o que mais pode fazer para se tornar mais forte. Todos os dias tem de tentar melhorar e, nesse aspeto, ele sabe o que tem de fazer”.
Explosão de Luis Díaz foi especial
Um dos talentos que Sérgio Conceição poliu foi Luis Díaz. “Houve muitos que me deram satisfação. Luis Díaz, por exemplo, chegou ao FC Porto vindo de um pequeno clube colombiano e, após um ano e meio, foi para o Liverpool e continua o seu percurso. Há muitos jogadores que não chegam a esse patamar; por vezes, bastam pequenas coisas para que possam seguir o caminho certo”, exemplificou o ex-técnico do FC Porto.