Sérgio Conceição: "É verdade que queríamos ganhar sempre por 3-0 ou 4-0, mas não é possível"
FC Porto tem debatido internamente a sucessão de triunfos tangenciais mantida desde fevereiro, reconheceu hoje o treinador Sérgio Conceição, pedindo "uma constante evolução" dos seus futebolistas e da equipa.
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O FC Porto tem debatido internamente a sucessão de triunfos tangenciais mantida desde fevereiro, reconheceu o treinador Sérgio Conceição.
"Olhamos para isso, sem dúvida. Encontramos várias explicações. Eu tenho a minha e já partilhei com os jogadores. Em conjunto, tentamos encontrar soluções dentro daquilo que tem sido bom. Quer se queira, quer não, seja por 1-0 ou 2-1, temos ganho. Isso é o mais importante. É verdade que queríamos ganhar todos os duelos por 3-0 ou 4-0, mas não é possível e, do outro lado, há equipas com capacidade e qualidade", assinalou o técnico.
Sérgio Conceição falava na conferência de imprensa de antevisão ao reencontro com o Famalicão, na quinta-feira, da segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal, numa fase em que os detentores do troféu perseguem igualmente o Benfica no topo da I Liga.
"Não vou responder se o FC Porto é a melhor equipa [entre os candidatos ao título]. Por vezes, a forma das equipas muda de um jogo para o outro. Dei recentemente o exemplo do nosso jogo com o Sporting [vitória caseira por 3-0, na terceira ronda do campeonato]. Jogámos logo a seguir com o Rio Ave e foi uma catástrofe [derrota por 1-3, na quarta]", notou, ao ser novamente questionado acerca do coletivo em melhor momento na prova.
O FC Porto está numa sequência de seis vitórias e de 10 jogos sem perder em todas as competições, mas não ganha em casa por mais de um golo de diferença desde 5 de fevereiro, quando se superiorizou ao Vizela (2-0), num desafio da 19.ª jornada da I Liga.
Desde então, nos 15 encontros posteriores, os campeões nacionais apenas voltaram a vencer com uma diferença mais ampla nas visitas ao Desportivo de Chaves (3-1), em 04 de abril, da 23.ª ronda, e ao Paços de Ferreira (2-0), no dia 22 do mesmo mês, da 29.ª.
"Andamos à procura dessa consistência exibicional a todos os níveis, mas nem sempre é possível. Aproximamo-nos do final da época e é normal que os encontros ganhem uma dimensão diferente. Se calhar, a vontade de estarmos por cima do marcador é maior do que a de ir à procura de um golo que nos dê tranquilidade no jogo. Foi um pouco como o público esteve numa certa altura contra o Boavista [no êxito por 1-0, no domingo, da 30.ª jornada]. Havia mais medo de perder do que vontade de ganhar e pode-se compreender. Numa fase distinta da época, com certeza a resposta é outra", referiu Sérgio Conceição.
O FC Porto tenta agora alcançar pela 33.ª vez a final da Taça de Portugal, que já venceu por 18 ocasiões, mas o treinador afasta "qualquer tipo de pressão" e vê os jogadores a encararem "as semanas decisivas" com a "tranquilidade com que evoluem diariamente".
"Depois, depende do caráter de cada um. Vejo miúdos de 20 e poucos anos que, nestas alturas, pensam no [videojogo] Fortnite e na Playstation e são meio despreocupados. O Pepe atira-se para o chão quando falhamos uma ocasião. Tem muita paixão e eu revejo-me nele. Essa questão emocional é decisiva e trabalhada. Agora, há poucos desta nova geração que têm o tal brilho no olhar e aquele friozinho na barriga de ir lá para dentro e metermos um travão neles em vez de lhes dar dois estalos para os acordar", enquadrou.
Questionado acerca dos instantes finais da partida com o Boavista, na qual o árbitro Rui Costa apitou pela última vez quando os "axadrezados" atacavam, motivando críticas do clube do Bessa no relvado, Sérgio Conceição disse que "isso nem merece comentários" numa 30.ª jornada da I Liga em que "existiram coisas muito mais importantes e graves".
O recordista de títulos e vitórias no comando do FC Porto vai igualar José Maria Pedroto no topo dos treinadores com mais jogos, com 322, desejando levar o clube a uma quarta final da Taça de Portugal, após dois títulos (2019/20 e 2021/22) e um desaire (2018/19).
"O resultado de amanhã [quinta-feira] é tão importante para mim que desvalorizo muito esses números. Se calhar, olhando para trás um dia, possa notar que há realmente uns números interessantes. Neste momento, não me dizem absolutamente nada. Não quero fazer comparações nem olhar para uma figura que está bem lá em cima, que é o senhor Pedroto, enquanto eu estou a fazer pela vida para tentar que as coisas nos corram bem e possamos dar aos adeptos, sócios e simpatizantes mais uma final no Jamor", apontou.
O FC Porto, vice-líder do campeonato, recebe o Famalicão, sétimo colocado, na quinta-feira, a partir das 20:30, no Estádio do Dragão, no Porto, em duelo da segunda mão das "meias" da Taça de Portugal, sob arbitragem de Manuel Mota, da associação de Braga.
O vencedor vai defrontar o também primodivisionário Braga, que eliminou o Nacional, da II Liga - vitória por 5-0 no Funchal e empate 2-2 em casa -, na final da 83.ª edição da Taça, agendada para 4 de junho, no Estádio do Jamor, em Oeiras.