Sérgio Conceição e o que diferencia treinadores: "Os jogadores não são como há 20 anos"
Sérgio Conceição, treinador do FC Porto, é um dos participantes no World Scouting Congress, que decorre no Porto.
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O que diferencia os treinadores: "A qualidade e capacidade que se tem de ter não só em campo, mas em tudo que é a preparação dos treinos, liderança de um balneário e a forma como se convive com as pessoas que trabalham connosco. Não podemos esquecer que o FC Porto e clubes do género têm diferentes departamentos muito capazes, com gente muito profissional e tudo tem de passar pelo treinador principal. O dia a dia é feito de muitas destas questões. Mas também diferencia o plantel que se tem, a força e a capacidade das estruturas que se tem"
Jogadores entendem: "A qualidade mais importante para mim, para ser treinador de futebol, é ser genuíno. Os jogadores hoje em dia não são como há 20 anos, que não entendem muito daquilo que é a forma como se treina, se preparam os jogos, o trabalho do dia a dia. Hoje já percebem tudo o que dizemos e os termos técnicos que nós usamos. A nova geração hoje usa muito termos técnicos e há uns anos ninguém entendia patavina. Hoje o jogador é mais inteligente e perspicaz. Há muitos fatores que podem interferir no sucesso ou no não-sucesso. Estes são alguns."
"A nova geração hoje usa muito termos técnicos e há uns anos ninguém entendia patavina"
Escritor e Tiago Fernandes: "Um escritor brasileiro escreveu que o sonho é do tamanho das pessoas que o sonham. Ele entrevistou algumas pessoas, empresas, pessoas simples que tiveram sucesso até a vender gelados junto à praia. E havia características comuns. Uma era a determinação e a perseverança. Outra é a não-acomodação. Outra a criatividade, que eu também acho essencial. E uma quarta que é a velocidade. Velocidade de apanhar o comboio, de não o deixar passar. Agarrar a oportunidade. E o Tiago [Fernandes] com certeza sonha todos os dias e tenta ser o mais profissional mas sempre com isto no pensamento e como seu objetivo. Eu quero que os meus adjuntos sejam ambiciosos e pensem que um dia podem ser treinadores de um grande clube."
"Eu quero que os meus adjuntos sejam ambiciosos e pensem que um dia podem ser treinadores de um grande clube"
Ser jogador a sério: "Fui jogador, inicialmente por gosto, paixão normal que os miúdos tinham por jogar futebol. Quando vim para os juniores do FC Porto já era mais a sério. Mas foi tudo muito natural. Não há um momento em que tenha decidido ou percebido que ia ser jogador. Quando passei a treinador, já o disse que estar atrás de um gabinete não era a minha vocação. Na Bélgica como adjunto aprendi muita coisa e fomos vice-campeões e ganhámos a Taça. Foi a partir daí... Não há forma de me ver noutro meio que não o futebol."
"Já o disse que estar atrás de um gabinete não era a minha vocação. Na Bélgica como adjunto aprendi muita coisa e fomos vice-campeões e ganhámos a Taça. Foi a partir daí..."
Campeão como jogador e treinador: "Gosto de vencer título como jogador e treinador? As vitórias são todas importantes e eu adoro ganhar, mas vivi de outra forma a vitória do ano passado, com outra maturidade, num posto diferente e sentindo quanto foram importantes as pessoas que ajudaram a cumprir um dos meus sonhos, que era ser treinador do FC Porto e ganhar um título. Foi um dos três títulos mais importantes da história do FC Porto. Senti de forma diferente do que senti como jogador. Sem dúvida nenhuma."