"Sentimos que o mal nos estava a bater à porta, que infetado significaria condenado"
Responsável médico da equipa principal do Feirense, Vítor Pereira, admitiu em entrevista à Liga Portugal que existia um medo generalizado de ser covid-19 positivo.
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Medidas tomadas foram diferentes devido à proximidade com Ovar? "Temos jogadores, elementos do staff, família, amigos que moram no concelho de Ovar. Muitos fazem a vida deles na Feira. Estaria a mentir se dissesse que tínhamos ficado indiferentes. Sentimos que o mal nos estava a bater à porta. A impressão das pessoas era que infetado significaria condenado. Existia um medo generalizado de ser covid-19 positivo. Tal não correspondia, e não corresponde, à verdade. Como disse anteriormente, a maioria dos casos tem um desfecho benigno. Sempre nos mantivemos informados sobre a situação".
Como está o departamento clínico a acompanhar este momento? "Esta é uma situação que era difícil de prever. Se disséssemos, no início da época, que íamos ter uma paragem a meio e por estas razões, poucos acreditariam. Tivemos de nos adaptar às circunstâncias atuais e delinear planos para uma atuação rápida e pronta. Estamos a adaptar-nos constantemente às necessidades diárias".
Plantel é exemplo para a população: "A elevada qualidade do nosso plantel é um fator muito significativo. Fomos mantendo todos os jogadores atualizados sobre a situação, foram informados do que se estava a passar, fizemos ações de sensibilização e de educação. São jogadores que, na maioria, senão todos, sabem lidar com a situação e sabem ter comportamentos responsáveis sendo um exemplo para a população".
Futebol foi dos primeiros a dar o exemplo: "Os jogadores e o futebol foram exemplo para o país. Foram dos primeiros a proceder a um isolamento voluntário, com o intuito de ultrapassar esta adversidade que nos surgiu pelo caminho. Neste momento, o futebol e a competição passam para um plano secundário, sendo que todos estão empenhados em preservar a saúde da população. Mantemos um contacto próximo com as autoridades de saúde pública para ajustarmos a nossa estratégia e evitar uma disseminação rápida desta doença. De modo a evitar saídas desnecessárias, temos desenhada uma rede de apoio para os nossos jogadores, as suas famílias, para o staff e para os nossos funcionários. Frequentemente é realizado contacto com o plantel e o staff. Desse modo, aferimos a sua situação e ajustamos as nossas atitudes consoante as suas necessidades".