Rúben Neves vai terminar carreira de futebolista e fez o último jogo no estádio onde começou a vingar no futebol
Corpo do artigo
Foi um adeus especial para Rúben Neves, médio de 34 anos e capitão da Sanjoanense que vai terminar a carreira este domingo, na última jornada da Liga 3, mas que fez a despedida no fim de semana passado no Estádio Conde Dias Garcia, casa que o viu crescer. Começou a dar os primeiros pontapés na bola no emblema que havia lançado o pai, Flávio das Neves, para os patamares maiores do futebol português – foi figura proeminente no V. Guimarães, Académica e V. Setúbal – e em São João da Madeira trilhou todo o percurso na formação até subir a sénior em 2010/11, ano no qual se sagrou campeão da AF Aveiro e vencedor da Supertaça Distrital. Depois, andou por Cinfães, Aves, regressou à Sanjoanense, passou por Salgueiros, Freamunde, Cinfães, novamente, Felgueiras e Montalegre até decidir retornar ao ponto de partida para dizer adeus.
“Sempre tive o sonho de terminar na Sanjoanense e, como não sabia o que ia acontecer na próxima temporada, acabei onde comecei”, refere. A tarde foi especial, porque ao adeus juntou-se a permanência que os homens de Juan Cruz alcançaram com uma vitória por 3-1 frente ao Trofense. “Tivemos um ano atribulado, com poucas vitórias, mas agora vamos com cinco triunfos seguidos e foi muito especial”, recorda.
Os alvinegros andaram quase sempre abaixo da linha de água, mas uma recuperação assinalável na fase de permanência tirou-os do buraco. “A certa altura entrámos em pânico e não conseguíamos os resultados pretendidos. Os jogadores cresceram na competição, sabemos que o clube é totalista na Liga 3 e não queríamos manchar a nossa carreira com uma descida na Sanjoanense. Não podíamos ser nós a perder esse estatuto de totalista”, atira.
A união do grupo foi um dos segredos. “Estivemos meses sem ganhar um jogo, mas nem parecia, porque tínhamos uma camaradagem enorme. Temos um espírito de grupo inacreditável”, elogia. Rúben garante que na capital do calçado há jogadores que “vão dar o salto” para outros campeonatos, mas, acima de tudo, “há excelentes pessoas” no grupo. Agora, vira-se para a carreira de treinador e já está a fazer sucesso ao comando dos sub-17 sanjoanenses, que têm a permanência bem encaminhada no campeonato nacional. “Cresci com a influência do meu pai como treinador. Vou fazer 34 anos e quero começar nesta altura, porque acho que posso ter uma carreira de maior sucesso do que como jogador”, explica. “A experiência no sub-17 está a correr muito bem, estamos a ter bons resultados e queremos a permanência.”
Lágrimas e muitos amigos na homenagem
Mal o jogo acabou, os jogadores da Sanjoanense reuniram-se em torno de Rúben e lançaram-no ao ar, entrando depois em campo a Direção e a família do médio, momento que o fez chorar. “Serei eternamente grato à Sanjoanense. É o clube do meu coração. Ter acabado assim deixou-me de coração cheio e com a certeza que voltar foi a melhor decisão”, agradece. “O estádio estava quase cheio e foi muito especial. É um dia que ficará para sempre marcado na minha vida.”