"Sempre que Fábio Vieira marca, toda a gente fala nele durante dois ou três dias"
Mara Vieira, treinadora do Lank Vilaverdense, refere que é pela "inteligência" que o primo marca a diferença. Joaquim Neves, presidente da Casa do FC Porto, lembra o "menino das marchas".
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A vitória do FC Porto sobre o Santa Clara (3-0) foi mais um capítulo dourado no percurso de afirmação total de Fábio Vieira.
Duas semanas depois de garantir os três pontos no dérbi da Invicta, o criativo voltou a brilhar, desta feita com dois golos, que lhe valeram o prémio de MVP da partida. Porém, entre os primeiros toques na bola e as exibições de encher o olho no Dragão está uma longa história de superação.
"O que destaca o Fábio é a capacidade que sempre teve de se superar perante desafios. Era sempre o mais pequeno da equipa, mesmo com 14 e 15 anos continuava franzino. Fazia a diferença pela forma como se posicionava. Com ele, foi sempre mais uma questão de inteligência do que de físico", conta, a O JOGO, Mara Vieira, prima do médio-ofensivo e treinadora da equipa de futebol feminino do LANK Vilaverdense.
É também por isso que em Argoncilhe, terra que viu Fábio Vieira nascer para o futebol, se vibra "de uma maneira diferente" com os golos do camisola 50. Em 2021/22, já vão sete. "Sempre que marca ou faz um grande jogo, toda a gente fala nele durante dois ou três dias. Festeja-se de forma diferente, pois claro. Está feito um senhor jogador. Chegue onde chegar, será sempre o menino de Argoncilhe, que dá fama à terra", vinca Joaquim Neves, líder da Casa do FC Porto daquela freguesia de Santa Maria da feira, ao nosso jornal.
Numa viagem à infância de Fábio, cedo se percebe que a paixão pela redondinha sempre foi traço característico de um miúdo "muito respeitador". "Onde houvesse uma bola, ele lá estava. Tudo servia para chutar, prossegue o senhor Joaquim. Os tempos das "peladinhas" na escola e nos rinques locais continuam, aliás, presentes no futebol do internacional Sub-21. "Sempre levou a irreverência da rua para dentro de campo. Faz parte dele, porque um jogador não consegue dissociar a pessoa que é do que faz no relvado", afiança Mara Vieira, que, "de vez em quando", lá envia uma mensagem de parabéns ao primo.
A decisão de rumar à formação do FC Porto surgiu bem cedo, tinha Fábio Vieira sete anos. Na hora de escolher, o então jogador do Feirense deu primazia ao coração, azul e branco desde tenra idade [ver caixa]. A partir daí, a história começou a escrever-se de dragão ao peito, com outros intervenientes à mistura.
Amizades certas e a humildade de sempre
Fator fundamental na carreira de qualquer futebolista, a sorte é algo que Fábio Vieira soube sempre agarrar. "Às qualidades que tem alia-se a sorte de estar num grande clube, com grandes profissionais, sem esquecer os amigos e excelentes jogadores que teve e tem ao lado. Jogou sempre com o Vitinha, o João Mário e não só. Isso também foi importante. Construiu uma história própria na formação do FC Porto", refere Mara. O ponto alto desse período foi a conquista da Youth League, em 2018/19, que motivou uma homenagem na terra do coração. "Organizámos um jantar de aniversário da Casa e demos-lhe um galhardete comemorativo. Ele retribuiu com uma camisola autografada", lembra Joaquim Neves, destacando a humildade que Fábio "nunca perdeu". "Veio de uma família com poucas posses, mas de muitos valores. Agora, toda a gente admira o Fábio e olha para ele como um exemplo. É um orgulho enorme para Argoncilhe", afirma. Por estes dias, o presidente daquela delegação portista já não vê "o miúdo" com tanta frequência. "Acho que se mudou para Miramar", justifica. Por isso, aproveita para deixar uma mensagem. "Ainda me recordo dele nas marchas de São João que fazíamos. É o nosso menino. Para continuar a crescer, tem de manter-se humilde, como sempre foi", indica. Um conselho para guardar.