Jovem treinador alemão começou a carreira há 10 anos depois de uma lesão o ter afastado dos relvados. Se o castigo ao líder técnico se confirmar, está escolhido quem estará à frente da equipa no próximo jogo. Juntos desde o PSV Eindhoven, o adjunto tem em Schmidt uma das referências no futebol.
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Pela primeira vez esta época, Roger Schmidt pode não vir a sentar-se no banco de suplentes num jogo do Benfica. O treinador alemão viu o cartão vermelho no encontro com o Vizela e espera ainda a decisão do Conselho de Disciplina sobre uma possível suspensão. Nesse cenário, segundo O JOGO apurou, quem avançará para guiar os jogadores em campo será Jens Wissing, o mais novo dos treinadores-adjuntos dos encarnados.
O jovem treinador alemão de 35 anos juntou-se à equipa técnica de Schmidt apenas na época passada no PSV, mas os dois já se tinham conhecido anos antes: quando Wissing ainda era jogador profissional foi treinado, de 2007 a 2010, pelo alemão no Preussen Munster, uma equipa do quarto escalão da Alemanha, naquela que foi a primeira temporada como profissional tanto de Wissing como atleta sénior, como de Schmidt enquanto treinador. De resto, a carreira como jogador passou quase sempre por equipas de escalões secundários do futebol alemão, com destaque para a época de 2010/2011 em que jogou com a camisola do Borussia M"gladbach, mas tendo somado apenas quatro jogos.
A história como jogador acabou por ser curta. Em 2013/2014, com apenas 26 anos, quando atuava pelo Duisburgo, Jens Wissing sofreu uma lesão no tornozelo e teve de terminar a carreira e até pisou o mundo empresarial em paralelo com a continuidade no futebol. Em parceria com um preparador-físico, criou a empresa "Five Home Fitness", vocacionada para a melhoria da capacidade física dos clientes com elaboração de planos de treino a realizar a partir de casa.
Porém, manteve um pé no futebol e o então defesa optou pela carreira de treinador que iniciou nessa mesma época ao serviço do FC Gievenbeck onde assumiu as funções de treinador-adjunto durante seis anos. Em 2019, foi convidado para a equipa técnica dos sub-23 do Borussia M"gladbach, onde esteve durante duas épocas. A primeira experiência fora do futebol alemão aconteceu na época passada quando integrou a equipa técnica de Roger Schmidt no PSV.
Em entrevista ao site alemão "Foal Close Up", Wissing admitiu que, como treinador, se identificava com a forma de jogar do PSV nesse ano: "Jogamos em alta intensidade, queremos sempre ser uma equipa ativa, que joga rapidamente e com audácia quando temos a bola e que cria oportunidades. O sistema de jogo para mim não é decisivo, apesar de gostar de jogar com uma defesa a quatro".
No segundo ano a trabalhar com Schmidt, Wissing tem no técnico alemão uma das referências quanto a treinadores. "Conhecemo-nos há muito tempo e confiamos muito um no outro, o que facilita o trabalho diário. Tenho várias funções [na equipa técnica] desde preparação de treinos, à análise de jogos e até à preparação do adversário. O Roger deixa-me fazer muita coisa, mas a decisão final é sempre dele", explicou, o ano passado, na mesma entrevista ao portal alemão.
O outro adjunto que já foi... jornalista
Da atual equipa técnica do Benfica, para além de Roger Schmidt, só Jens Wissing e Fernando Ferreira (treinador de guarda-redes) têm habilitações de treinador. Jorn-Erik Wolf, um dos homens da confiança de Schmidt que o acompanha desde os tempos do Hamburgo em 2016, tem sido sempre apresentado na ficha de jogo como "analista", não podendo assumir funções oficiais de adjunto. O mesmo acontece com Javí Garcia, que aparece no papel de "delegado". Apesar disso, a proximidade ao treinador alemão, pode garantir a Wolf, este antigo jornalista e diretor de comunicação do Hamburgo, um papel essencial a auxiliar na gestão da equipa em caso de suspensão do técnico principal.
Certo é que Jens Wissing pode ter, esta sexta-feira, na receção ao Famalicão a oportunidade de, pela primeira vez - e com inscrição na ficha de jogo -, assumir os comandos da equipa encarnada e dar voz a Roger Schmidt no relvado.