Escola holandesa deu um novo fruto: técnico dos leões vai utilizá-lo mais vezes, mas não irá largar o 4x3x3. Ideia é obrigar os adversários a preparem-se para as duas versões. Tática para otimizar ao máximo
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Marcel Keizer apanhou (quase) todos de surpresa quando, frente ao Braga, domingo passado, estreou um leão organizado num esquema de três defesas, quatro médios e três avançados. O segredo - bem guardado, e já explicamos porquê - resultou na perfeição, ao ponto de Abel precisar de utilizar um momento em que o seu lateral, Sequeira, estava deitado no chão para reorganizar as tropas. Nada havia a fazer, saiu derrotado (3-0) de Alvalade e com muito pouco perigo criado junto à baliza de Renan.
Há algumas semanas que Keizer preparava o 3x4x3. Uma arma à sua imagem para baralhar os rivais
Eis, então, "a" história: sabe O JOGO que o tal 3x4x3 era uma forma de organização que o treinador holandês vinha preparando há várias semanas e que funcionará, daqui em diante, como uma arma para obrigar os adversários do Sporting a estudar... a dobrar. Tudo porque Keizer não vai largar o 4x3x3 que foi a sua matriz até então; vai, sim, alternar de sistema consoante as necessidades do leão. E como o segredo é a alma do negócio, só quando os seus futebolistas subirem por esses campos fora é que os rivais vão perceber como os abordar.
Em números, o 3x4x3 explica-se, por exemplo, com a solidez defensiva que tanto preocupava Keizer: contra o Braga, os verdes e brancos apenas consentiram cinco remates, um deles à baliza e de perigo relativo. No que diz respeito aos cruzamentos, e por ter apenas um jogador a cair repetidamente em cada ala, o leão ficou-se pelos 14; em Tondela, no início de janeiro, fez quase 40... e perdeu (1-2). Eis uma equipa em transformação - e segue-se o Villarreal.
Capaz de mexer sem ir ao banco
Além do modo compacto ganho com o novo modelo apresentado ante o Braga, Keizer requer, com os intérpretes eleitos, outro foco: a capacidade de adaptação. Fazendo central o lateral-esquerdo Borja (ou Mathieu, em Villarreal), o técnico pretende dotar a equipa da capacidade de mudar de sistema em pleno jogo, sem recorrer a substituições. Assim, o central canhoto pode ocupar a lateral esquerda, o ala subir para extremo, descendo no corredor contrário para lateral, ocupando um dos apoiantes de Dost à direita do ataque. Tudo sem ir ao banco.