Quase metade da produção ofensiva dos dragões nasceu de lances de bola parada direta ou indireta. Em Portugal, ninguém se aproxima destes números. Há variação de jogadas em todas as partidas
Corpo do artigo
Com os avançados a viver uma seca de golos, o sector defensivo tem-se chegado à frente e ajudado a resolver os problemas do FC Porto.
Trabalho no Olival já rendeu dez golos de bola parada só no campeonato. Últimos três foram marcados assim
Pepe (Marítimo), Marcano (Aves) e Alex Telles (Boavista) assinaram os últimos três golos dos portistas no campeonato, sempre na sequência de lances de bola parada, diretas ou indiretas. Aliás, só dessa forma se justifica a presença dos centrais ou dos laterais junto das áreas contrárias. Os dez golos que o FC Porto tem no campeonato nascidos dos esquemas táticos (incluindo aqui as grandes penalidades) tornam a equipa de Sérgio Conceição não só a mais eficaz em Portugal, mas também nos principais campeonatos europeus (ver infografia abaixo).
Há equipas em que o peso dos lances estudados é maior do que no Dragão - casos de Lecce, Bournemouth ou Nice, por exemplo -, mas nenhuma outra equipa chegou já à dezena de golos nos respetivos campeonatos. E se somarmos todas as competições, o FC Porto apresenta 39 por cento de golos na sequência de ataques posicionais, 19 por cento de contra-ataques e 42 por cento de bolas paradas diretas ou indiretas. Ou seja, esse acaba por ser o momento do jogo que mais tem sido aproveitado esta temporada. Uma tendência, diga-se, que já vem das outras épocas.
Em nove dos 11 jogos do campeonato, o FC Porto marcou pelo menos um golo na sequência direta ou indireta de lances de bola parada. Um aproveitamento sem paralelo em Portugal
Sérgio Conceição trabalha muito esses lances diariamente e quase em todos os jogos o FC Porto mostra uma grande variedade de recursos, alterando a forma como bate os livres e os cantos. No Bessa, por exemplo, o golo nasceu de uma falta sobre a direita em que Corona, em vez de meter diretamente na área, optou por dar a Alex Telles, solto na esquerda. E foi o brasileiro que cruzou, confundindo a defesa do Boavista. A bola não entrou diretamente, mas o desenho do lance ajuda a perceber o que se vem ensaiando no laboratório do Olival.
"Temos unidades de treino onde trabalhamos isso quase até à exaustão. Não só as bolas paradas ofensivas, mas também as bolas paradas defensivas. São momentos de jogo cada vez mais importantes", explicou Sérgio Conceição ainda no seu primeiro ano no banco do FC Porto.
O treinador portista aproveita a qualidade dos jogadores que tem à sua disposição neste momento específico: Alex Telles, Corona e Otávio na marcação e, depois, elementos como Pepe, Marcano, Mbemba, Danilo, Zé Luís, Soares ou Marega para finalizar, atacando as bolas no ar.
11518731
O FC Porto mete sempre muita gente na área contrária quando tem bolas paradas a seu favor e foi assim que marcou a Marítimo, Aves e Boavista. No primeiro, arrancou um empate, nos outros dois garantiu os três pontos. Aliás, basta dizer que, nas 11 jornadas já realizadas, o FC Porto só não marcou de bola parada - canto, livre ou penálti - ao V. Guimarães e ao Famalicão.
Marcano e Alex Telles lideram defesa goleadora
O aproveitamento das bolas paradas por parte do FC Porto deve-se a quem bate os livres e cantos e, sobretudo, a quem surge para finalizar. E é aqui que o sector defensivo se tem destacado. Nesta altura, só mesmo o lateral-direito ainda não tem qualquer golo marcado. Corona, Manafá, Saravia e Mbemba passaram por essa posição e estão em branco.
O congolês já marcou, mas nessa altura atuava a central, a sua posição de raiz. De resto, Pepe e Diogo Leite também festejaram por uma vez, mas quem tem estado com a pontaria mais afinada é Alex Telles e Marcano, ambos com três golos na conta pessoal. Dois dos apontados pelo lateral foram de penálti.