Sebastián Pérez: "Jogar na Europa pela primeira vez tem sido uma experiência bonita"

Sebastián Pérez é um verdadeiro líder dentro do campo. O internacional colombiano chegou no verão de 2020 ao Boavista, mas sente o clube como poucos.

"Tento falar muito, não só com os árbitros, mas com os meus companheiros, sobretudo se sinto que está mal posicionado, peço que ajudem a pressionar e que estejam tranquilos, sobretudo quando sinto que há muita ansiedade", justifica o médio de 28 anos em entrevista a O JOGO.

Como tem sido a experiência em Portugal?
-Jogar na Europa pela primeira vez tem sido uma experiência bonita. A Liga portuguesa é muito competitiva e com boas equipas. Não conhecia o Boavista, mas quando me falaram do interesse, comecei a investigar e vi que já tinha sido campeão, que jogou a Liga dos Campeões e que tem muita história. Quando cheguei fiquei muito feliz.

Que balanço faz à primeira época?
-Foi muito difícil para nós, porque tínhamos muitos jogadores novos e houve duas mudanças de treinador, o que não foi fácil, mas conseguimos o objetivo de manter o Boavista na Liga Bwin.

Sente que foi uma época abaixo das expectativas?
-Isso é normal quando chegas a uma equipa e tens 15 ou mais jogadores novos, além de que o primeiro treinador saiu logo no final do primeiro mês. Tínhamos jogadores de muitos países como a Argentina, Honduras, México, Equador. Não era fácil chegar, ter uma ideia clara de jogo e jogar bem. Individualmente, tínhamos jogadores com muita qualidade, mas era preciso tempo. O mais importante foi conseguirmos a permanência na Liga Bwin.

Quanto tempo demorou a recuperar do susto em Barcelos, na última jornada?
-(ri-se e respira fundo) Uff, foi muito difícil. Estávamos com os telemóveis na mão à espera do que acontecia, mas demos a volta ao resultado. Respirámos de alívio e já podíamos ir de férias tranquilos, sabendo que o Boavista ficou na Liga Bwin.

O que o fez renovar, quando tinha contrato com o Boca Juniors?
O futebol europeu sempre me chamou a atenção. Vejo muito futebol e sempre gostei de ver jogadores. Quando tive a oportunidade de vir para a Europa, o meu objetivo era ficar cá muito tempo. Não queria vir e ir embora um ano depois. Queria demonstrar que posso jogar na Europa. Felizmente, vou ter mais tempo para demonstrar isso mesmo.

Foi por essa estabilidade que assinou até 2025?
-Ter um contrato tão longo dá-te segurança e espero que as coisas corram bem para dar alegrias aos adeptos. Foi um sinal de confiança do clube e sinal de que fiz bem o meu trabalho. Estava emprestado, mas sabia que dependia de mim.

Para esta época, o que se pode esperar deste Boavista?
-Vamos jogo a jogo. Agora vamos defrontar o Rio Ave e vamos tentar passar à eliminatória seguinte, porque a Taça de Portugal é muito importante para nós.

O apuramento para as competições europeias é ou não um objetivo?
-Temos objetivos claros, mas que ficam no balneário. Só temos de pensar em ganhar o próximo jogo.

Está surpreendido com este início de época?
-Não estou surpreendido, porque temos trabalhado muito bem desde a pré-época. Sentimos que nos convertemos numa equipa forte e queremos mais. Queremos estar o mais lá em cima possível, mas com calma e passo a passo. Estamos a crescer como equipa e vamos demonstrar um Boavista mais sólido.

"Tenho sangue quente e peço desculpa se me excedi"

Muito interventivo dentro campo, Sebastián Pérez está sempre a falar e até a discutir com os árbitros. "Desde criança, sempre fui assim, nunca gostava que o árbitro assinalasse mal uma falta. A minha família também teve sempre este sangue quente quando não gostava de alguma coisa. Na Argentina também aprendi um pouco, porque lá há muita paixão pelo jogo e isso é contagiante", justifica, certo de que os árbitros entendem essa postura.

"Sabem que estamos a jogar, que as coisas estão quentes dentro do campo e que queremos ganhar. No final dos jogos tento falar com eles e peço-lhes desculpa se me excedi."