Ex-dirigentes aguardam que a SAD dê detalhes sobre o acordo com a V Sports, dona do Aston Villa, para a compra de 46% das ações da sociedade por 5,5 milhões de euros.
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O anúncio, feito terça-feira pelo Vitória, sobre um possível acordo com o fundo V Sports para a venda de 46 por cento das ações da SAD por 5,5 milhões de euros, necessita de ser bem esclarecido aos sócios.
Esta é a opinião de três ex-dirigentes do clube que, ouvidos por O JOGO, pretendem explicações antes da Assembleia Geral de 3 de março.
"Espero que nas sessões de esclarecimento prometidas pela SAD, os associados possam tirar todas as dúvidas, porque este não é um negócio qualquer. É de uma tremenda responsabilidade e, se não for um bom negócio, pode comprometer o futuro do Vitória, enquanto SAD e clube", considera Luís Cirilo, ex-vice-presidente e membro da Comissão de Centenário.
Presidente do clube entre 1980 e 2000, Pimenta Machado revela que "para evitar apreciações eventualmente infundadas", enviou um e-mail aos órgãos sociais "a solicitar informação devidamente detalhada sobre este acordo da SAD para depois opinar com critério."
Pedro Xavier, ex-presidente da Assembleia Geral, é da opinião que "é um pouco prematuro" dizer que impacto poderá ter no imediato o acordo com o fundo de investimento liderado por Nassef Sawiris, proprietário do Aston Villa. Aguardando pela exposição prometida pelo presidente António Miguel Cardoso, o ex-dirigente defende que "pouca coisa muda" caso entre um novo investidor. "O Vitória é acionista maioritário, fruto de uma venda que já tinha sido feita no tempo do anterior presidente, Pinto Lisboa. E tinha ficado acordado um pagamento dilatado. Se ainda não foi feito esse pagamento ao antigo acionista, Mário Ferreira, praticamente será mudar o acionista, que tinha pouco mais de 40 por cento, por outro", explica. "Se a situação for favorável por ter um parceiro mais virado para a área do futebol, como é o Aston Villa, poderá ser benéfico para o Vitória", adianta ainda Pedro Xavier.
Também Luís Cirilo entende que este acordo "não terá um grande impacto", atendendo a que "no imediato a compra de 46 por cento por 5,5 milhões de euros é para pagar ao anterior investidor, não é para investir no futebol". O ex-dirigente do Vitória sublinha que "terá de ser muito bem explicado" o investimento de dois milhões de euros do novo acionista, que tornará possível uma linha de crédito de 20 milhões de euros. "Sabe-se qual vai ser o juro, mas não se sabe o que é essencial em qualquer financiamento: as garantias. Ou seja, o que é que a V Sports pede ao Vitória para abrir essa linha de crédito?", questiona. "Nenhum vitoriano aceita perder a posição de ser dono da sua SAD. E, portanto, é preciso perceber que garantias estão a ser dadas à V Sports para essa linha de crédito", refere. Cirilo manifesta também preocupação por uma questão que não lhe parece "muito transparente" no acordo. "A V Sports é um fundo de investimento, não é um banco. Está a disponibilizar a linha de crédito enquanto financiador do Vitória, mas também está a usufruir da linha de crédito enquanto acionista da SAD. Ou seja, é, em simultâneo, credora e devedora."