Manuel Cajuda mostra-se otimista quanto ao futuro do Académico de Viseu e, sem rodeios, aponta à I Liga.
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Manuel Cajuda conta por que razão aceitou o desafio de voltar a Portugal pela porta secundária. Regressar à I Liga fruto do trabalho é uma das grandes motivações.
O que o levou a aceitar o desafio de regressar a Portugal para a II Liga?
-Apareceu-me esta oportunidade, que já tinha surgido antes de ir embora. Há um ano e meio, o presidente apresentou-me um projeto para tentar a subida de divisão, só que, dias antes, tinha assinado um contrato por um clube da China. Mostrei-lhe o contrato - gosto das coisas sérias - e ele disse para eu ir, porque valia a pena, e quando voltasse falaríamos. Curiosamente, no dia 6 de fevereiro voltou a lançar-me um desafio motivador.
Como é que o convenceu?
-Teve uma grande humildade. Foi sempre ele a ir ter comigo, demonstrou simplicidade e isso marcou-me. Infelizmente, agora nem sempre funciona assim, há muito marketing e muitos intermediários que, por vezes, até incomodam.
Foi fácil chegar a acordo?
-Muito fácil. É um desafio muito arriscado. Quando vim, faltavam três meses para acabar a época, assumi um projeto de um clube que estava numa semicrise - nos últimos 15 jogos tinha ganho apenas três. Se mudou de treinador é porque algumas coisas não estavam a funcionar. Mantenho, no entanto, a ideia de que o treinador que cá estava [Francisco Chaló] terá feito todos os possíveis para conseguir melhores resultados. Este desafio trouxe-me automotivação.
Pensa assim porquê?
-Quando toda a gente pensava que só aceitaria um projeto de I Liga ou de clubes de topo, acreditei que este era uma boa oportunidade de chegar à I divisão sem qualquer tipo de favores, apenas com o meu trabalho, começando por baixo. Quando chegar à I Liga, poderei voltar a dizer "bom dia, estou aqui outra vez, caminhei, vim andando e cá estou"...
Por que razão assinou até 2019?
-Pus como condição ter mais um ano de contrato. Não prometi que subia; prometi lutar pelo objetivo que não foi criado por mim. Em três meses, tenho de fazer e avaliar o diagnóstico da situação e depois encontrar a forma de melhorar a análise que tinha feito. Isso leva pelo menos um mês, só que tinha de fazer esse diagnóstico em competição e, ao mesmo tempo, fazer a recuperação da equipa, porque precisava de ser recuperada. Três meses é muito pouco tempo e por isso a duração do contrato até ao final da próxima época.
A que aspetos deu prioridade?
-Primeiro, o aspeto psicológico e fazer uma coisa importante: ganhar a simpatia dos jogadores, prepará-los para um trabalho diferente. Essa é a primeira fase. Depois, pôr uma forma de jogar diferente; outra ideia de jogo e outro sistema tático. Haveria ainda que escolher o tipo de esforço adequado à minha de forma de jogar. Isso levaria três a quatro semanas, daí ter dito que não assumiria a subida. Disse ao presidente que lutaria por uma coisa que não é minha e que estava com eles na tentativa de subir.
Se não subir este ano conta subir na próxima época?
-Tenho a certeza de que se não for já, na próxima época vou subir. Podem dizer que sou filósofo ou papagaio, mas tenho a certeza do que faço e do que sou capaz de fazer. Sou um otimista. Pela reação dos jogadores, por ver que aqui em Viseu já há convertidos que não acreditavam em nada e agora começam a acreditar em tudo, dou a cara, tal como fiz no Vitória de Guimarães quando, em dois anos e meio, subimos de divisão e fomos às provas europeias.