<strong>ENTREVISTA - </strong>Dito, diretor-geral do Gil Vicente, fala do jogo com o Benfica, numa fase em que o campeonato está ao rubro, e desvenda a estratégia para o sucesso da equipa até ao momento.
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O Gil Vicente recebe na segunda-feira o Benfica, que perdeu os dois jogos anteriores (no Dragão e com o Braga, em casa). Dito fala da receção ao campeão nacional e da experiência nova como diretor.
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O Benfica está numa fase mais delicada. Isso pode ser benéfico ou prejudicial para o Gil, que já venceu dois grandes em casa?
-É muito difícil uma equipa grande perder dois jogos seguidos. Mais difícil ainda é perder três. O Benfica não está no melhor momento, nós estamos num momento interessante, tivemos um jogo anormal (derrota por 1-5 com o Moreirense), mas a equipa rapidamente conseguiu reagir (empate em Braga) e isso foi muito importante, porque essas crises pode-se prolongar-se e ter resultados complicados. Mas estamos numa situação relativamente confortável e acredito que a equipa vai responder com um bom jogo. Se vamos ganhar ou não, não faço a mínima ideia, nem ninguém faz. De qualquer das formas, temos aqui mais um grande no nosso estádio, é certo que os outros dois - FC Porto e Sporting - perderam em Barcelos, daí haver algum receio do Benfica com este jogo. Mas é claro que vamos fazer tudo para conseguir os três pontos. Se isso não for possível, pelo menos que a equipa dê uma boa resposta e faça um bom jogo. Se me vendessem o empate, comprava rapidamente porque era um bom resultado.
Diretor-geral e braço direito do presidente Francisco Dias da Silva não acredita que o momento negativo do Benfica na Liga vá refletir-se em campo na segunda-feira, mas diz que o Gil não se vai encolher
Benfica e Gil Vicente são muito diferentes do tempo em que jogou nos dois clubes?
-Sim, o futebol melhorou em muitas coisas, as condições que os jogadores têm são completamente diferentes, para melhor, do que tinha no tempo em que eu jogava. Eventualmente, há aspetos que não melhoraram assim tanto e poderíamos estar um pouco melhores, nomeadamente as massas associativas.
O Gil recebeu muitas vezes os grandes no "Adelino Ribeiro Novo", que era sempre complicado para eles, por causa das dimensões do campo. Preferia continuar a recebê-los lá?
-Não sou dessa opinião. O futebol deve ser jogado em grandes palcos, estádios com condições para receber grandes jogos e as próprias pessoas. O "Adelino" não tem condições, nem tinha já na minha altura. Não se deve levar o jogo para aqui ou para ali para tirar benefícios disso. No meu tempo, muitas vezes íamos jogar a sítios com equipas que privilegiavam mais a posse de bola e deixavam crescer a relva quase 30 centímetros para dificultar e até esburacavam o campo. E isso é absolutamente ridículo. Por isso, acho muito bem que existam regras nas condições dos estádios, dos relvados. Os clubes agora até são multados se os relvados não apresentarem boas condições e acho que assim é que tem de ser.
O Dito formou-se no Gil, onde jogou depois como profissional. Gostava de um dia treinar o Gil Vicente?
-Isso não me passa pela cabeça. Se calhar já passou. Desempenhei praticamente todas as funções no futebol, jogador, treinador, comentador, durante muitos anos, agora estou noutra posição, que é uma novidade para mim, e que aceitei por ser este clube, com o qual tenho uma ligação histórica, principalmente através do meu pai, que foi jogador e jogador-treinador. Digo isto muitas vezes: a sede do Gil Vicente foi durante muitos anos na casa do meu pai. Aceitei por isso, mas também por ser Francisco Dias da Silva o presidente. Conheço-o há uns anos, sei as ideias dele e a forma como gosta de trabalhar. Não sei se voltarei à carreira de treinador, para já estou dedicado a isto, estou a fazê-lo com paixão e prazer, no final da época logo vemos.
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"GOSTAVA DE VER MENOS CERTOS COMPORTAMENTOS NOS ESTÁDIOS"
Dito sabe que os jogos com os grandes têm sempre muito público nas bancadas, "principalmente o Benfica, que enche em todo o lado". "E aqui não será diferente, aliás, já esgotaram os bilhetes", revelou, algo inédito esta época. O diretor-geral do Gil Vicente também apreciaria ver mais público noutros jogos, sublinhando aquilo que não lhe agrada: "Gostava de ver menos certos comportamentos e que houvesse mais educação. Entristece-me um pouco, mas não posso mudar o mundo."
SOBRE O FUTURO...
- Potencial da formação
A formação e a criação de campos de treino são os próximos passos a dar pelo Gil Vicente. Apenas com dois campos, o Estádio Cidade de Barcelos e o Adelino Ribeiro Novo, o clube vê-se obrigado a "estender" os treinos da formação pelos campos das freguesias. Apesar das dificuldades, três juniores foram "aproveitados" na época passada: Brian é um dos guarda-redes suplentes e Né e Kevin foram emprestados, mas existe a possibilidade de integrarem o plantel no futuro.
- Foco principal no futebol profissional
Com a missão hercúlea de formar um plantel praticamente de raiz em poucas semanas para a época atual, o foco do Gil Vicente esteve na formação da equipa principal, por isso, o clube teve de "meter toda a carne no assador", que é o mesmo que dizer no futebol profissional.
- Já a trabalhar para a próxima época
O clube está já a trabalhar para a próxima época. Embora tenha uma dezena e meia de jogadores com contrato para lá do final desta temporada, a verdade é que há ainda mais uns quantos para estudar e contratar a pensar em 2020/21.