ENTREVISTA (parte 3) - Theodoro Fonseca, acionista maioritário da SAD do Portimonense, conversou com O JOGO. O futuro da sociedade algarvia, o treinador e o plantel e até o divórcio de Hulk: assuntos para ler nesta entrevista
Corpo do artigo
Theodoro Fonseca foi empresário de Hulk desde os 16 anos até aos 30 (2016) e tem "um carinho enorme" pelo avançado que trouxe para o FC Porto, em 2008. O ex-empresário do internacional brasileiro aponta as razões para sair em sua defesa no processo de divórcio.
Theodoro Fonseca representou o avançado até 2016 e, pelo carinho que tem por ele, defende-o no processo de divórcio
Continua a ter uma ligação com Hulk?
- Não, há três anos que não tomo um café, almoço ou janto com ele. A não ser troca de mensagens no Natal e no Ano Novo. Falo mais com o pai dele, o senhor Gilvan, e com a mãe.
Porquê?
- Ele conseguiu tudo o que um jogador pode ambicionar. Foi para um grande clube europeu, venceu a Liga Europa, jogou na Champions, foi para o Zenit ganhar não o que merecia, porque acho que deveria ganhar muito mais, representou a seleção brasileira e teve a oportunidade de jogar as eliminatórias da Taça Sul-Americana, Olimpíadas, Taça das Confederações e campeonato do mundo. Portanto, fez tudo o que um jogador podia almejar. Então, eu não tinha mais para lhe oferecer.
Era o momento certo de interromper o relacionamento, é isso?
- Tinha outros projetos, como o Portimonense, e jogadores jovens. O Hulk cobrava muito a minha presença, eu tinha de ir muitas vezes a São Petersburgo, tínhamos muito convívio diário, que deixou de ser possível. Mas continuamos a ter uma boa relação.
Como acompanha o processo de divórcio do Hulk?
- Fico triste quando lhe acontece alguma coisa. Tenho um carinho muito grande por ele, porque foram muitos anos. Teve um significado muito grande para mim e muita gratidão comigo e com o meu filho, assim como a família dele no Brasil. O meu filho morou com ele, e ele morou comigo. É como família para mim. Sou como um padrinho dele.
Deixou de ser agente de Hulk em 2016. "O convívio diário deixou de ser possível", mas continuam a ter "uma boa relação"
O processo foi estranho.
- Conheço-o muito bem. Ele foi sério neste caso do divórcio dele com a Iran. Quando li uma matéria, ele já se tinha divorciado em julho e tinha ficado com a sobrinha da ex-esposa. As pessoas ficaram falando, mas ele assumiu isso, chamou os familiares e tornou público. Pareceu um escândalo, mas as pessoas têm de ver o lado positivo: o Hulk podia ter escondido isso de todo o mundo, mas não o fez. É uma pessoa que não mente, é uma pessoa justa, grata, um pai. Para se ter uma noção, contou tudo, até aos filhos. Se fosse um mentiroso ou um vagabundo, fazia vida dupla como muitos fazem, não fazia nada disso. Essa é a prova de quem hoje é o Hulk.
Como define Hulk?
- A ascensão que ele teve, ir para a seleção olímpica e depois representar a seleção brasileira no Mundial, não é para qualquer um. É para uma pessoa justa, o que ele plantou recebeu na parte profissional. Na parte familiar, já não posso dizer se está certo ou errado, porque essa é uma questão de coração, ficar com a sobrinha da ex-mulher, é uma coisa que pode acontecer com qualquer um. Se fosse um vagabundo e um mentiroso, assumia e sumia.
11708772
Fica tranquilo pela atitude dele?
- É uma grande alegria conhecer a sua forma de estar. Sempre lhe disse que os dois maiores pecados da vida são a mentira e a ingratidão. Então, quando ele convoca a família inteira e conta a verdade e dá cem milhões de reais [cerca de 22 milhões de euros] e 40 imóveis à esposa, eu vejo aquela gratidão que ele teve pela mãe dos filhos dele. O que ele fez é uma coisa digna, de homem.
"Um lateral com muita força e um menino extraordinário"
Antes de ingressar no FC Porto, em 2008, Hulk jogou nos juvenis do Vilanovense, em 2002. Theodoro Fonseca diz que foi Zé do Egito quem o trouxe para Portugal, aos 16 anos.
Em 2005, já a trabalhar no Japão, comprou o Vitória da Bahia e transferiu alguns dos futebolistas. "Um dos jogadores do clube era o Hulk, na altura com 16 anos. Era um lateral-esquerdo com muita força. Ninguém dava nada por ele, mas era um menino extraordinário, era e continua a ser humilde, e fiquei com um grande carinho por ele. Quando o levei para o Japão, em 2006, nem estava previsto ele ir, mas coloquei como condição ele ir jogar na II liga. Foi assim que começou a minha ligação com o Hulk".
11708715