Em entrevista à RTP o antigo árbitro Jorge Ferreira recorda dois lances no FC Porto-Boavista e do Paços de Ferreira-Benfica como decisivos para o fim da sua carreira de árbitro de primeira categoria
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A Procuradoria-Geral da República e a Polícia Judiciária estão a investigar o Conselho de Arbitragem (CA) por suspeitas de corrupção e falsificação de documentos, adianta a RTP.
A denúncia foi apresentada pelo ex-árbitro Jorge Ferreira, despromovido da primeira categoria em 2016/17 , que falou à estação televisiva.
"Fui eu que apresentei [a denúncia], já fui ouvido. Em termos de ilegalidades, essencialmente estamos a falar de dois tipos de crime: corrupção e falsificação de documentos. As provas foram entregues à PJ", começa por referir Jorge Ferreira, prosseguindo:
"Não falo de clubes, o que o CA quer é agradar aos árbitros e aos clubes, aos três grandes. Antes dos jogos diziam 'tu estás bem, vais fazer um jogo, vai-te preparando, porque tens um jogo de uma equipa grande. Atenção, porque já estão a chatear muito'. Posso entender isso como pressão. Dependia da tabela classificativa. Continua a acontecer", acrescentou o ex-árbitro.
O Conselho de Arbitragem, refira-se, tem estado atento às declarações proferidas em vários momentos pelo ex-árbitro e tem agido em conformidade, apresentando queixas-crime. Há também processos individuais apresentados por elementos cujo bom nome foi atingido por acusações lançadas por Jorge Ferreira.
Pressionado a favorecer: "Toda a gente tem família e créditos para pagar, todos têm a sua vida e eu não fujo à regra. E talvez a malta que jogue um bocadinho, e quer que a sua vidinha corra pensa muito nisso...para mim se fosse penálti, era penálti, se não fosse, não era penálti, independentemente das cores do emblema"
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Decisões a favorecer: "Se no meu tempo houvesse videoárbitro era capaz de retificar algumas decisões... Todas as decisões que tomei foram sempre conscientemente. Tenho a noção de que a minha carreira acaba por causa de dois lances que ajuizei num FC Porto-Boavista em que expulsei um jogador do FC Porto, o Maicon, e um Paços de Ferreira-Benfica, em que assinalei um pontapé de grande penalidade a favor do Benfica, que não era. Assumo, são factos".
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Assume que os seus erros fizeram com que fosse conotado com o Benfica? "Assumo claramente...e não estou arrependido, porque foi aquilo que vi no momento.
Fim da carreira: "Tenho a certeza que foi por causa desses dois lances e tenho provas disso no restaurante do meu pai e a visita de alguns elementos da claque do FC Porto. Posteriormente escreveram na parede no restaurante do meu pai e ameaças ao meu filho. E tive uma situação que ainda me está atravessada na garganta que tem a ver com um jogo que fui fazer da Taça de Portugal, o Gafanha-FC Porto, no Estádio de Aveiro, em que um diretor do FC Porto terá dito - porque não ouvi, disseram-me quando ia de viagem, disse-me o quarto árbitro - que teriam de invadir o restaurante outra vez".
A favor do Benfica: "[Assume que os seus erros fizeram com que fosse conotado com o Benfica] Assumo claramente...Não estou arrependido, porque foi aquilo que vi no momento. Se houvesse videoárbitro, admito que retificaria as decisões. Estou convencido que seria um dos melhores árbitros portugueses se na altura houvesse videoárbitro".