José Pedro Pereira da Costa, CFO da SAD do FC Porto, apresentou e explicou na manhã desta sexta-feira, em conferência de imprensa, as contas relativas ao exercício da temporada 2023/24
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20 a 30 M€ com a venda de passes de jogadores são fixos ou variáveis: “É um valor para a estrutura de receitas e custo atual. Se conseguirmos incrementar receitas, e a curto prazo as mais acionáveis são as comerciais, como a bilhética, os lugares anuais, o corporate hospitality, os investimentos que vamos fazer no estádio do Drgão vão de certeza gerar mais receita. Essa frente de incremento de receitas parece-nos que é bastante acionável e possível. Por outro lado, temos de atuar nos custos e reduzi-los. Portanto, subindo receitas e reduzindo os custos, vamos ficar menos dependentes ou será necessário fazer menos do que 20 a 30 M€ de resultado com as transações de passes de jogadores. Por outro lado, se conseguirmos ir refinanciando a dívida com custos mais baixos, os encargos financeiros tendencialmente irão reduzir-se. Penso que teremos atingido o pico o ano passado com os 29 M€ de encargos financeiros. Em principio, este ano, vamos começar a ver aqui alguma redução, porque a nova dívida que estamos a contratar – um exemplo disso é o papel comercial a 5% - a custos claramente mais baixos. Tudo vai possibilitar-nos ficar menos dependentes da necessidade de ter de gerar essas mais-valias. Agora, não deixa de ser verdade que os clubes portugueses vão sempre depender de fazer uma parte dos seus resultados pelas transações com passes. Mas a nossa ideia é ficarmos menos dependentes e com necessidades de fazermos menos resultados [com passes de jogadores] do que aquelas que temos hoje.”
Credibilidade do clube afetada por não ter cumprido pagamentos: “Desde logo afeta a atividade do dia a dia, porque todos os dias temos credores a reclamar dívidas. Perdemos muito tempo, e não sou só eu, os meus colegas também recebem todos os dias, nas suas áreas respetivas áreas, pedidos do fornecedor "x" que está aflito e precisa de pagar salários. Isto não é claramente o desejável. Relativamente aos clubes a quem devemos pela transferência de jogadores, é uma área que é também exigente, porque são pagamentos imperativos. Enquanto os pagamentos a fornecedores não fazem parte do controle e da monitorização da UEFA – e daí talvez os saldos se terem acumulado –, atrasos significam negociações de extensão de prazos de pagamento, de dívidas vencidas. Tudo isso é tempo perdido, que podia ser ocupado de uma forma bastante mais produtiva se fossemos o tal clube normal. Olhando para isto um bocadinho pelo lado positivo, é de realçar a paciência e a colaboração que temos vindo a ter até à data, nomeadamente dos nossos fornecedores gerais, parceiros e clubes de futebol. Muitos deles acabaram por estender os tais prazos de pagamento. No início, tínhamos 12 M€ em maio, mais 16 M€ em junho. Portanto, cumprimos o controlo de junho da UEFA não pagando 100% do que tínhamos de pagar. Uma parte foi diferindo de pagamentos a clubes. A pouco e pouco estamos a reganhar a credibilidade junto dos nossos parceiros, avisando para as dificuldades de tesouraria que temos no imediato, procurando definir prazos que sejam cumpríveis. A melhor forma de credibilidade, dizemos nós, é dizer: agora não conseguimos pagar, mas neste prazo vamos conseguir fazê-lo. E depois cumpri-lo. É isso que temos vindo a fazer. São processos difíceis, que exigem tempo. Aqui não é só a área financeira. A área jurídica é crítica e suporta tudo isso, porque muitos destes acordos acabam por se consubstanciar em aditamentos ao contratos, etc. Todas as áreas que tocam com estes parceiros recebem estes pedidos e solicitações.”